Notícias



Educação pós-pandemia

Especialistas, professores e estudantes falam sobre como deve ser a escola depois da pandemia

Com cerca de um ano e meio em casa, estudantes da rede pública iniciaram retorno gradual às escolas. Mas retomada impõe desafios a um sistema que se manteve parado no tempo por décadas, principalmente, para professores

09/10/2021 - 05h00min


Alberi Neto
Alberi Neto
Enviar E-mail
Ronaldo Bernardi / Agencia RBS
Em Canoas, escola fez parceria com Google para capacitar professores no uso de ferramentas tecnológicas

Está reportagem foi dividida em cinco partes, leia as outras partes aqui, aqui, aqui e aqui.

O pátio com bancos coloridos, as telas de proteção ao redor da quadra poliesportiva, o cheiro de comida perto do horário da merenda e aquele barulho da sineta que anuncia o recreio. Há cerca de dois meses, quando chegou na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Theodoro Bogen, em Canoas, era isso que Lorenzo Mauer, sete anos, queria conhecer. 

Leia mais
Para celebrar seis anos de fundação, entidade quer arrecadar seis toneladas de alimentos
Aos 85 anos, agricultor conquista vaga na universidade: "Não me sentia completo"
Aulas domiciliares ajudam estudantes a enfrentar perdas de aprendizagem em Esteio

E ele nem é aluno novo na escola, é mais um da geração afetada pela covid-19. Seu primeiro semestre no 1º ano do Ensino Fundamental foi feito todo em casa. Pela webcam do notebook mostrou o rosto e conheceu colegas e professores, conectados, mas ao mesmo tempo, distanciados fisicamente. Agora, vivencia pela primeira vez uma experiência escolar que existia até o pré-pandemia. 

— Gosto muito mais de estar aqui na escola. Agora, estou até fazendo amigos — comemora o garoto, sob o olhar orgulhoso da mãe, Melissa Mauer, 41 anos, que é professora na mesma escola.

Do mundo antes da covid-19, o ato de se deslocar até a escola para assistir às aulas é um das poucas partes do processo que deve ser mantida  — e ainda assim, não de maneira integral, pois o ensino híbrido veio para ficar, como você vai entender nesta reportagem. A nova escola deve ser receptiva, tirando o professor do papel de disseminador único do conhecimento e tornando ele parte do processo de aprendizagem, tanto quanto os alunos, que também deixam de ser apenas receptores. Isso é que estudiosos da área têm percebido ao se debruçar sobre o tema. 

Ronaldo Bernardi / Agencia RBS
A professora Melissa (D), incentivou os filhos Adônis (E) e Lorenzo (C) a voltarem para escola

Mudanças

As tecnologias inseridas no ambiente escolar de maneira abrupta com a pandemia obrigaram os olhos de crianças e adolescentes a se prenderem ainda mais aos telefones e computadores. E também vieram para se perpetuar. Se antes a sala de aula tinha um aviso claro de "proibido mexer no celular" fixado na porta, agora, o equipamento tornou-se parte indispensável do processo de aprendizagem. Só no Rio Grande do Sul, a Secretaria Estadual de Educação (Seduc-RS), adquiriu 50 mil chromebooks (notebook com sistema operacional do Google, o Chrome OS). O número cobre toda a rede de professores do Estado, inclusive os temporários. 

As aquisições serviram para que as aulas remotas pudessem acontecer, mas agora, esses equipamentos estão nas salas de aula. A ficha de chamada, a lousa e o giz deram lugar a pinceis atômicos, projetores e presença confirmada por meio de aplicativo. Buscar o boletim na escola? Nada disso, as notas podem ser conferidas na palma da mão.

Métodos em estudo, exemplos criados em outros locais e ações que já estão em prática são possíveis soluções e caminhos para a educação pós-pandemia. E nesta reportagem, esses pontos são levantados e discutidos por especialistas da área, entes do setor público e os principais agentes escolares: professores e alunos.

Leia as outras partes desta reportagem

Escola precisa ouvir mais os alunos a inserir tecnologias na aprendizagem, apontam especialistas

Currículo de transição e excesso de tecnologias: novos desafios para a educação pública

Especialistas apontam caminhos para combater a evasão escolar no ensino público

Políticas públicas coletivas serão essenciais na retomada do ensino público presencial


MAIS SOBRE

Últimas Notícias