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Às vésperas do início das aulas, ONG faz arrecadação de material escolar

Crianças de comunidades de Porto Alegre estão sem os itens para o retorno às escolas. Veja como contribuir com a campanha

18/02/2022 - 05h00min

Atualizada em: 18/02/2022 - 14h31min


Lauro Alves / Agencia RBS
Famílias enfrentam dificuldades financeiras para adquirir itens necessários

O período de volta às aulas costuma ser um momento bastante aguardado por estudantes e professores. Nos últimos dois anos, por conta da pandemia, as comunidades escolares precisaram encontrar alternativas para driblar desafios. Na próxima segunda-feira, as aulas retornam de forma presencial na rede pública de ensino. No entanto, para alguns estudantes, a animação deu lugar à insegurança neste início de ano letivo. Isso porque muitas famílias estão enfrentando dificuldades financeiras para adquirir materiais escolares.

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Há dois anos, a ONG Juntos Somos mais Fortes tem atuado em Porto Alegre, buscando apoiar pessoas em situação de vulnerabilidade social. Após realizar diversas ações de distribuição de doações de roupas e alimentos para as 28 comunidades que atende, o grupo tem investido seus esforços em um novo objetivo: arrecadar materiais escolares para crianças que estão sem o básico para iniciar as aulas. 

Devido à dificuldade para obter os produtos, o presidente da ONG, Paulo Barbosa, 44 anos, explica que os voluntários só conseguiram se comprometer em ajudar duas das comunidades que acompanham. Assim, dos mais de 360 estudantes que precisam de materiais, eles tentam ajudar 150. Porém, até o momento, só receberam doações suficientes para confeccionar 10 kits escolares. 

Lauro Alves / Agencia RBS
Baixa quantidade de preocupa Palo

Inicialmente, o projeto tinha a proposta de atender pessoas em situação de rua, mas, conforme a pandemia foi se agravando, Paulo percebeu as dificuldades enfrentadas pelas comunidades, que encaram o desemprego e o aumento dos preços em todos os produtos. Segundo uma pesquisa realizada pelo Sindilojas-RS, materiais escolares tiveram aumento neste ano de quase 25% em Porto Alegre. 

Organização

Tatiane Michele Lima, 39 anos, é moradora do bairro Lami, uma das comunidades auxiliadas pela ONG. O local onde reside fica em uma região não regularizada, onde diversas famílias dependem de doações para se manter. Ela conheceu a ONG através das redes sociais, e assim pediu auxílio para Paulo. No início das férias escolares, ajudou a fazer um levantamento das crianças que precisam de apoio. A pesquisa identificou 40 estudantes. Mas, faltando poucos dias para as aulas começarem, o material ainda é pouco. 

– Temos itens para 10 crianças, mas tá muito difícil. Algumas pessoas estão pedindo mochilas usadas, porque não têm nada. Mas elas precisam desde o básico, como lápis e borracha – conta Tatiana, que há dois anos está desempregada. 

Marion Falcão Cardoso, 55 anos, é mãe de uma menina de 14 anos e avó de outras duas crianças, de sete e 14 anos. Ela é uma das moradoras da comunidade do Lami que precisam das doações, pois nenhuma das três crianças tem material. Ela fala que, além de sua família, percebe a grande quantidade de vizinhos sem condições financeiras para adquirir os produtos. 

Apoie a iniciativa

/// É possível entregar as doações diretamente na sede provisória da ONG, na Avenida Ipiranga, 2.741
/// Também serão recebidas quantias em dinheiro, através da chave PIX número 00475500075 (CPF), ou solicitar que a equipe busque as doações. Para isso, basta entrar em contato pelo telefone (51) 98513-2834.

Lauro Alves / Agencia RBS
Diversas iniciativas de Porto Alegre buscam doações

Vila Amazônia: itens usados são reciclados e doados

Diante de diversos pedidos de doações de material escolar, a dona de casa e líder comunitária Paola Vieira, 29 anos, decidiu agir. Moradora da Vila Amazônia, no bairro Rubem Berta, zona norte de Porto Alegre, ela conta que, durante a semana, recebeu dezenas de pedidos de estudantes de diferentes idades.  Ela pretende arrecadar itens para 100 crianças e adolescentes, entre  seis e 17 anos. 

– Ainda não tínhamos feito este tipo de campanha. Nosso foco sempre foi em roupas e alimentos. Mas, com a aproximação do início das aulas, os pedidos aumentaram muito – explica.

Paola tentou conseguir parte do material com uma organização parceira, mas eles também estavam recebendo muitos pedidos que ainda não tinham sido atendidos:

– A demanda aqui está muito grande.

Muitas famílias, de acordo com a líder comunitária, preferem comprar alimentos a materiais escolares. Mesmo que tenham acesso a auxílios financeiros do governo, o valor não permite a aquisição dos produtos. 

É a situação enfrentada pela dona de casa Rosangela Vieira Extramar, 51 anos, moradora da comunidade. Os filhos Gabriel, 10 anos, aluno do 9º ano do Ensino Fundamental, e Lucian, 16 anos, do 3º ano do Ensino Médio, ainda não sabem como será o início das aulas. Ela relata que, com o valor atual do Auxílio Brasil, precisou escolher entre comprar leite ou material escolar.

– O que eles mais me pedem são cadernos. Nossas condições aqui em casa são bem difíceis. Não consegui nem mesmo pesquisar o valor dos materiais – explica a dona de casa, que é mãe solteira. 

Reutilização

Para tentar atender a todos os pedidos, Paola explica que aceita a doação de materiais já utilizados que estejam em bom estado. A voluntária pretende fazer uma triagem e, após isso, encaminhar aos estudantes. Os itens mais pedidos são cadernos, borrachas, lápis de escrever, apontadores e canetas. A meta é que os produtos sejam arrecadados até o início de março:

– Lembro que, antigamente, quando íamos para escola, sempre aproveitávamos de um ano para o outro algum material. É disso que estamos precisando. Pode não servir para uns, mas pode ser tudo para quem precisa. 

Uma das famílias que serão contempladas é a de Carla Jaqueline Araujo, 37 anos. As filhas Ana Karolina, nove anos, e Ana Laura, 15 anos, são estudantes do 4º e do 8º ano do Ensino Fundamental, respectivamente. A mãe explica que as doações serão essenciais para que elas se sintam estimuladas para o ano letivo que se inicia:

– Esse material contribuirá para que sejam alguém na vida.

Nos anos anteriores, Carla, que trabalhava com vendas, sempre pode auxiliar a irmã Cláudia Araujo, 34 anos, com cinco filhos que vão para a escola. Mas a pandemia impactou a rotina:

– Neste ano, não tenho como comprar para mim nem para minha irmã.

Colabore
/// Para doar, entre em contato com Paola pelo telefone (51) 98946-7529.

Conheça outras iniciativas


/// A cooperativa de recicladoras SDV Reciclado, no bairro Agronomia, Capital, arrecada material escolar  para 150 crianças de sua comunidade. Para colaborar, entregue as doações na Rua do Zaire, 158, ou envie valores pelo PIX 84747056068 (CPF). Mais informações pelo WhatsApp (51) 98955-7657. 

/// O Grupo Amigos da Gratidão, de Viamão, arrecada material para distribuir em 8 de março às 150 crianças cadastradas no projeto. Quem deseja ajudar pode entregar doações na Rua Triângulo, 421, bairro Santa Isabel.

/// O Coletivo Autônomo Morro da Cruz, na Capital, pretende ajudar cerca de 1 mil crianças da sua sua comunidade. Para colaborar, entregue o material na Rua Vidal de Negreiros, 1.652, Vila São José. Para apoiar de outras formas, informe-se com a presidente do coletivo, Lucia Scalco, pelo WhatsApp (51) 98182-6538. 

/// O grupo Nós por Nós Solidariedade irá rifar três camisetas oficiais de times (Atlético, Internacional e Grêmio) entre pessoas que doarem material escolar para as crianças atendidas pelo projeto. Informe-se pelo WhatsApp (51) 98433-0691, Instagram @npnsolidariedade ou entregue os itens nos seguintes endereços: Rua Adão Baino, 85, bairro Cristo Redentor, ou Avenida Adelino Ferreira Jardim, 343, bairro Rubem Berta.

Produção: Émerson Santos e Kênia Fialho

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