Brique do DG
Feira promove e fortalece o empreendedorismo feminino em Canoas
Evento ocorre uma vez por mês e conta com empreendedoras de diversas cidades da Região Metropolitana
O empreendedorismo pode surgir como um caminho para muitas pessoas que desejam buscar autonomia e independência financeira. E na pandemia essa pode ser uma das saídas para a geração de renda de muitas famílias. Assim, locais que buscam fortalecer esses negócios se tornam importantes espaços de apoio para pequenos empreendedores. E foi com esse objetivo que a estudante de Psicologia Gabrielle Moreira Barbosa, 21 anos, idealizou a Feira das Gu. Localizada no bairro Igara, em Canoas, a feira reúne mulheres de cidades da Região Metropolitana que, uma vez por mês, expõem seus produtos para a comunidade.
Gabrielle explica que, em 2020, iniciou seu próprio negócio. Com a ajuda da tia, começou a produzir rabicós para cabelo. Deu tão certo que ela passou a participar de algumas feiras, muitas delas fora de sua cidade. Com o cenário da pandemia se agravando, acabou tendo que voltar apenas para o online.
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Mas em 2021, vendo que havia poucos espaços em Canoas para empreendedoras autônomas exporem seus trabalhos, decidiu criar a feira. Em um terreno alugado por sua família, em agosto, ocorreu a primeira edição do evento com 13 expositoras.
– Eu não imaginava que seria tão grande. A ideia era só fazer um evento e, no fim, deu super certo. Acabaram indo clientes que há mais de ano interagiam com minha página da internet, mas não nos conhecíamos pessoalmente – comenta, alegre, a estudante.
Protagonismo
Ao perceber que a iniciativa se expandia, Gabrielle buscou a prefeitura da cidade para formalizar o espaço e passou a lidar com a feira de forma ainda mais profissional. Hoje, prestes a chegar em sua sexta edição, o local integra por volta de 30 mulheres, moradoras de cidades como Porto Alegre, Gravataí, Cachoeirinha e Viamão.
Ela explica que a construção de uma feira só com mulheres não foi proposital, mas acabou ocorrendo de forma natural. Além disso, conta que conhece poucos homens empreendedores, mas que encontrou muitas mães, estudantes e mulheres desempregas. Mas, mesmo o protagonismo feminino sendo direcionado às expositoras, isso não significa que não haja produtos disponíveis para os homens.
– A intenção era ser feita por mulheres, mas não só para mulheres. Temos comidas, produtos para chimarrão, coisas que não têm gênero. Mas é engraçado, pois um homem já me perguntou se ele poderia ir na feira – conta Gabrielle.
O espaço ajuda na integração da comunidade
Viviane Barbosa dos Santos, 45 anos, é proprietária da Quitutes das Gurias e uma das expositoras da feira. Ela conta que, quando ganhou seu filho, há sete anos, parou de trabalhar como designer de interiores para cuidar da criança. Depois de um tempo em casa, decidiu empreender. Passou a trabalhar com produção e venda dos mais variados tipos de doces e salgados.
Enquanto conversava com a reportagem, Viviane preparava lembrancinhas de casamento encomendadas por uma cliente que conheceu na feira. Quando foi convidada para expor seus produtos no local, em um primeiro momento, se sentiu insegura pois não era habituada a ter contato direto com os clientes. Mas já na primeira edição, pegou gosto pelo espaço.
– Na feira a gente pode ter uma outra visão ao ter este contato direto com as pessoas. Muitas das gurias trabalham de casa e só vendem pela internet, mas lá é cara a cara com os clientes. E a partir da feira vão surgindo outras encomendas e novos contatos. Então é bem legal – comenta.
Gabrielle fala que, com a pandemia, percebeu que muitas pessoas perderam seus empregos e buscaram criar renda de outras formas. Mas afirma que, ainda assim, já existiam muitas empreendedoras. O que faltava, ela fala, eram espaços na cidade para acolher a todas. Por isso, acredita que oferecer locais para estas mulheres exporem seus produtos é importante para incentivá-las e para fortalecer seus negócios.
Este é um ponto que Nara Hleveina, 68 anos, concorda. Ela, que sempre gostou de artesanato, começou a fabricar máscaras na pandemia. Depois, passou a fabricar e vender tiaras femininas e infantis. Sendo uma das expositoras da feira, ela comenta:
– O espaço ajuda na integração da comunidade, gera apoio às pequenas empreendedoras. E as mulheres estão firmes para trabalhar, dispostas a botar a mão na massa. É muito legal.
PARTICIPE
/// A próxima edição da feira ocorrerá no domingo, dia 13, das 13h às 19h30.
/// A feira ocorre sempre no primeiro domingo após o quinto dia útil de cada mês, na Avenida Boqueirão, 1.904, bairro Igara, em Canoas.
Produção: Émerson Santos