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Volta às aulas tem queda de 54% no número de estudantes no transporte público da Capital

Dados da ATP mostram que índice de passageiros que usaram  TRI Escolar saltou na comparação entre a primeira semana com aulas e a semana anterior. Mas ainda é bem menor do que em 2019

08/03/2022 - 05h00min

Atualizada em: 08/03/2022 - 05h00min


Alberi Neto
Alberi Neto
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Marco Favero / Agencia RBS
Fluxo de passageiros ainda está bem abaixo do registrado em 2019

Uma das esperanças para a melhoria nos índices de passageiros transportados, os estudantes estão voltando ao sistema de transporte público. Porém, a volta ainda segue patamares bem abaixo aos de antes da pandemia: na comparação entre as primeiras semanas com aulas em 2019 e em 2022, a queda supera os 54%.  

Dados da Associação de Transportadores de Passageiros (ATP) de Porto Alegre, buscados a pedido do Diário Gaúcho, mostram que o número de estudantes que usaram ônibus na Capital foi 48,4% maior na primeira semana de volta às aulas, quando comparado com a semana anterior, período em que as atividades ainda não haviam voltado na rede pública estadual e municipal. Entre os dias 13 e 19 de fevereiro, semana anterior a da volta às aulas, 46.675 usos do cartão TRI Escolar foram registrados. Na semana seguinte, entre 20 e 26 de fevereiro, o número saltou para 69.287.

O saldo é positivo, mas ainda é bem menor do que o pré-pandemia. Na primeira semana com aulas em 2019, entre 13 e 19 de fevereiro, 152.329 usos do cartão TRI Escolar foram registrados. O número da volta às aulas deste ano é 54,5% menor.

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UFRGS

Com as mudanças no sistema de isenções do transporte, válidas desde a semana passada, mais estudantes passaram a pagar passagem, seja parte dela ou a tarifa inteira. A isenção de 100% ficou apenas para estudantes de Ensino Fundamental com renda familiar de até R$ 1.650 por pessoa. No Ensino Médio, a isenção máxima é 75% e no Superior, de 50%. Os descontos variam de acordo com a renda familiar.

Apesar da queda pós-pandemia, o engenheiro de Transportes da ATP, Antônio Augusto Lovatto, avalia como positivo o número de estudantes que entraram no sistema na primeira semana de volta às aulas. Isso porque o período ainda se deu em meio ao Carnaval. A expectativa é de que ao longo de março, com mais instituições privadas, principalmente, universidades, retomando atividades presenciais, o número cresça.

— Ainda temos o grande balizador que será a volta às aulas da UFRGS. É uma das nossas grandes esperanças — cita Lovatto.

O retorno gradual às atividades presenciais na UFRGS está previsto para o dia 14 de março.

Um novo teto de usuários

No cenário total do sistema, a primeira semana de aulas de 2022 dá sinais do patamar esperado para o transporte público pós-pandemia. Especialistas e autoridades do setor previam uma retomada de 70% da demanda que normalmente era transportada antes da chegada do coronavírus. Se comparados os dados totais de primeira semana de aulas de 2022 com os de 2019, o número de hoje representa 74,5% dos patamares pré-pandemia. Foram 3.415.769 usuários transportados na semana de 13 a 19 de fevereiro de 2019, ante 2.547.084 na semana de 20 a 26 de fevereiro deste ano. Comparando os mesmos dias, a semana de 13 a 19 de fevereiro deste ano transportou 2.388.884 usuários, 69,9% do transportado no mesmo período de 2019.

— Com a retomada de atividades presenciais nas grandes universidades, vamos ter uma ideia do patamar em que o transporte público deve se estabilizar na Capital. Devemos ter esse número entre final do primeiro semestre e início do segundo — projeta Lovatto.

Seguindo os modelos e projeções expostas ao longo da pandemia, o transporte público da Capital se aproxima do que se define como novo teto de usuários. Com o home-office ou crescimento das aulas remotas, por exemplo, esperava-se que uma parte dos usuários já não retornasse ao sistema, mesmo quando a pandemia chegar ao fim. Além disso, ainda há concorrência natural, de outros meios de transporte, principalmente, os carros de aplicativo.

Empresas esperam por recomposição da tarifa

No momento, as empresas esperam a definição da nova tarifa de ônibus em Porto Alegre. Conforme Lovatto, pelo contrato entre prefeitura e empresários, a revisão da tarifa técnica deve ocorrer todo dia 1º de fevereiro. Após a data, se mantida a tarifa antiga, os valores corrigidos terão de ser custeados pelo município, como já ocorreu em 2021, quando a prefeitura decidiu executar uma tarifa ao usuário menor que a tarifa técnica.

— A tarifa técnica que está sendo calculada pela Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) vale desde o início de fevereiro. Se a decisão do prefeito for uma tarifa ao usuário menor do que a técnica, teremos o mesmo cenário do ano passado — explica Lovatto.

O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, definiu março como limite para a nova tarifa de ônibus da Capital ser oficializada. Atualmente, o custo é de R$ 4,80, porém as empresas pediram R$ 6,60 na nova tarifa técnica. A esperança do prefeito é de que o projeto que tramita na Câmara dos Deputados, para conceder incentivos de R$ 5 bilhões às cidades, como maneira de cobrir a isenção de idosos acima dos 65 anos, seja analisado tão logo possível. O valor seria um desafogo para as prefeituras e usuários, que arcam atualmente com a isenção.


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