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Brechós: como a necessidade virou fonte de renda

Para empreendedores e especialistas, o maior desafio é a profissionalização dos negócios

08/06/2022 - 16h54min


Arquivo pessoal / Arquivo pessoal
Mariana iniciou seu brechó online há cinco anos

Há cinco anos, a rotina do curso de Artes Visuais na Universidade Federal do Rio Grande Sul (UFRGS) fez a estudante Mariana Penz, 25 anos, buscar uma ocupação que fosse flexível. Qualquer trabalho precisaria se adequar às aulas em horários mistos. Foi então que a moradora do bairro Passo D’Areia, em Porto Alegre, resolveu unir a necessidade a um de seus entusiasmos: os brechós.

– Eu participava de grupos, comprava e acompanhava alguns brechós. Então, resolvi começar vendendo algumas roupas minhas e de amigas, com quem eu trocava – relembra.

A iniciativa ganhou corpo com o tempo e se transformou na High Voltage, um brechó online que conta com site e um perfil no Instagram, seguido por mais de 30 mil pessoas. Mas o caminho como empreendedora não foi – e ainda não é – simples. Ela conta que, apesar do crescimento que já obteve, o processo de profissionalização ocorre aos poucos.

Um dos exemplos foi o entendimento de que a comercialização de peças de roupas pelas redes sociais tinha chegado ao limite. Com muitos clientes, o Instagram se tornou uma ferramenta limitada. A partir daí, Mariana precisou criar seu primeiro site.

– Fiz tudo sozinha, naquela época, ainda  em uma plataforma gratuita, para que os clientes tivessem mais conforto para comprar. Foi quando eu senti que estava começando a me profissionalizar – relembra.

Renda

Há menos tempo no ramo, Karla Soares, 50 anos, ainda concilia a atuação como caixa de um restaurante com o brechó que criou em 2020. O Joias de Guarda-Roupas também nasceu por necessidade.

Arquivo pessoal / Arquivo pessoal
Karla ocupou a sala de seu apartamento com as peças que comercializa

– No início da pandemia, eu fui demitida. Meu marido trabalhava, mas não poderíamos ficar sem a minha renda. Então, surgiu a ideia – revela.

O pontapé inicial veio do sogro de Karla, que forneceu algumas araras de roupas, que acabaram instaladas na sala do apartamento em que ela reside, no bairro Lomba do Pinheiro, na Capital. Os artigos a serem vendidos saíram do armário da tia do marido, que tinha muitas peças.

– E as clientes são as vizinhas do meu condomínio, outras conhecidas e pessoas que foram me conhecendo neste tempo. Então, a minha sala, hoje, só tem uma mesa, cadeiras e as araras – explica.

Enquanto esteve desempregada, foi o brechó que ajudou a empreendedora a segurar as pontas. Motivo pelo qual ela segue com ele em funcionamento, arrecadando roupas de doações, ajustando-as e revendendo. Na avaliação de Karla, o momento é de despertar para a profissionalização:

– Há algum tempo, comprei um manequim. Estou aprendendo mais sobre as redes sociais e como tirar fotos que valorizem mais as peças que vou vender.

Profissionalização: maior desafio

Segundo a publicitária Natalia Guasso, idealizadora do Brick de Desapegos, iniciativa que promove brechós e moda sustentável, o grande desafio de quem empreende na área é tornar o negócio mais estruturado. Ela explica que, sobretudo com as redes sociais, iniciar um brechó é relativamente simples. Sobreviver e manter-se em atividade, no entanto, requer atenção ao mercado e dedicação.

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– A ideia do brechó que vende roupas ruins e velhas ficou para trás. Os negócios são mais cuidadosos e atendem tanto o público de luxo quanto quem busca peças mais acessíveis. É um mercado democrático – comenta.

De acordo com ela, buscar conhecimento e ajuda para se profissionalizar é essencial. Ponto com o qual o gerente regional do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Estado (Sebrae-RS) Paulo Bruscato concorda. Ele diz que tomar consciência do próprio negócio é o início de tudo.

– É preciso buscar entender o seu mercado, ou seja, o que os clientes querem. E, então, conhecer mais sobre gestão – explica.

Paulo aponta que o controle financeiro do empreendimento é fundamental para que ele possa crescer. Ter na ponta do lápis os custos e ganhos facilita o planejamento do futuro do negócio. O caminho a ser percorrido é como uma trilha, formada por vários passos:

– No Sebrae, ajudamos esses empreendedores a entenderem e vencerem cada um desses passos. Desde a tomada de consciência do seu negócio até a formalização jurídica.

Confira dicas para estruturar o seu negócio

/// Conheça seus clientes: pergunte a eles por que estão comprando e do que mais gostam no seu negócio. Com as respostas, você saberá seus pontos fortes e no que deve investir.

/// Não queira atender a todos: as peças de roupa que você comercializa, os preços praticados e os canais de venda devem ser pensados para atender ao seu público.

/// Comunique-se: mantenha um relacionamento com os clientes e, se usa as redes sociais, mostre a eles a sua rotina como empreendedor.

/// Controle o dinheiro: anote o que fatura com as vendas, os custos do negócio e as retiradas que você realiza. E evite misturar as finanças profissionais e pessoais.

/// Procure o Sebrae: o primeiro atendimento na instituição é gratuito. Nele, o perfil do seu negócio será identificado e alternativas de serviço (pagas ou não) e de apoio para regularização serão apresentadas.

/// O Sebrae oferece atendimento através do telefone 0800-570-0800, de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h, e pelo site sebraers.com.br.

Fontes: Escola Brick de Desapegos e Sebrae-RS

Produção: Guilherme Jacques



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