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Em Alvorada, moradora espera por consulta especializada há três anos

Maria Celeste precisa ser atendida por um neurocirurgião para realização de um procedimento

31/08/2022 - 11h19min


Arquivo pessoal / Arquivo pessoal

Já se passaram três anos desde que a auxiliar de serviços gerais Maria Celeste Portilla, 54 anos, descobriu, em meio a fortes dores, um caroço nas costas. À época, a moradora do bairro Sumaré, em Alvorada, conta que um médico ortopedista apontou que havia uma bola de gordura em suas costas e a retirada demandaria uma microcirurgia. O procedimento, porém, deveria ser feito por um neurocirurgião, especialidade não disponível na cidade de origem dela e para a qual ela foi encaminhada no dia 29 de maio de 2019. 

– Desde então, eu vou até a Secretaria de Saúde (de Alvorada), eles me olham e perguntam: “Já te chamaram? Não, então tem que aguardar” – reclama a trabalhadora.  

Maria Celeste conta ainda que, em todo este tempo, já foi chamada pela pasta várias vezes para passar por reavaliações médicas em sua cidade. Todas elas culminam na mesma conclusão e no pedido de espera pela consulta especializada. 

Através do número de um protocolo, é possível consultar a situação do atendimento no site da prefeitura de Porto Alegre. Lá, consta que o tempo médio de espera por uma consulta com neurocirurgião é de 820 dias. Maria Celeste, no entanto, aguarda há mais de 1.180 dias. 

Ela conta que já ouviu, do município, como justificativa para a demora, que havia um atraso nas consultas provocado pela pandemia: 

– No início, eu entendi. Só que a pandemia já está aí há praticamente três anos. E como fica? 

Transtornos 

A espera pela resolução do problema tem impossibilitado Maria Celeste de levar uma vida normal. Isso porque, ela destaca, o caroço em suas costas está perto do nervo ciático, o que provoca dores intensas e a faz depender de analgésicos em tempo quase integral. 

– Tem dias em que eu não consigo nem tomar um banho. Meu namorado precisa me ajudar. Não consigo caminhar como antes, então preciso de carro para ir para todos os lugares – relata. 

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Quando a situação se agrava, a auxiliar de serviços gerais tem de recorrer ao atendimento de urgência. Nestes casos, recebe medicamentos diretamente na veia ou injeções para aplacar a dor. 

– E me mandam de volta para casa, para esperar – conclui. 

Responsabilidade é do Estado

O Diário Gaúcho pediu esclarecimentos à prefeitura de Alvorada. Em nota, o município afirma que Maria Celeste está aguardando através do “sistema de regulação de consultas especializadas do SUS (Gercon), pela regulação estadual”. 

Além disso, como o protocolo apresentado por Maria Celeste indicava o site da prefeitura de Porto Alegre, a reportagem consultou a Secretaria Municipal de Saúde da Capital. Através de sua assessoria de imprensa, a pasta explicou que o sistema em que é possível consultar o atendimento especializado é compartilhado com o Estado. Ou seja, não necessariamente a consulta será realizada em Porto Alegre. 

Deste modo, o DG pediu esclarecimentos à Secretaria Estadual de Saúde. Também em nota, a pasta afirmou que não fornece informações a terceiros, conforme determina a Lei Geral de Proteção dos Dados Pessoais (LGPD). E disse ainda que Maria Celeste “pode recorrer aos canais do Sistema Único de Saúde (SUS), no caso a ouvidoria”. O telefone é 0800-6450-644.



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