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Mais de 600 mil pessoas estão com a quarta dose contra a covid atrasada na Região Metropolitana

Levantamento feito pelo Diário Gaúcho com base nos dados disponíveis no painel do Estado mostra número de pessoas com 40 anos ou mais que já deveria ter retornado para tomar o segundo reforço

24/08/2022 - 05h00min


Caroline Tidra
Caroline Tidra
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Ronaldo Bernardi / Agencia RBS
Levantamento é feito a partir da soma do público apto de 12 das cidades que compõem a região

Um levantamento feito pelo Diário Gaúcho mostra que mais de 600 mil pessoas da Região Metropolitana de Porto Alegre estão com a quarta dose  —  ou segunda dose de reforço —  da vacina contra covid-19 atrasada. O número é baseado nos dados disponíveis no monitoramento da imunização covid-19 do governo do Estado até esta terça-feira (23), e é resultado da soma do público apto de 12 das cidades que compõem a região. 

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De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul (SES), os dados do painel são os extraídos do Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PINI), a partir dos registros de doses aplicadas, pelo município de residência e prazo (quatro meses) desde o primeiro reforço. O atual cálculo que o painel usa para a definição de segunda dose de reforço em atraso é válido para pessoas com 40 anos ou mais e os profissionais da saúde (independente de idade). Ainda segundo a SES, não foram incluídas neste grupo as pessoas de 18 a 39 anos com comorbidades. 

No entanto, desde o dia 12 de agosto, o Estado recomenda aos municípios ampliar a vacinação com a segunda dose de reforço para as pessoas com comorbidades, que são doenças crônicas que comprometem a imunidade. A quarta dose para todos os adultos a partir de 18 anos é uma avaliação que cada município deve fazer, de acordo com seus estoques de vacinas. 

Na prática, algumas cidades já avançaram no público que pode ser vacinado, como em Porto Alegre, que está aplicando a quarta dose em pessoas com 33 anos e de 18 a 32 anos para aqueles que tenham comorbidades. Segundo Caroline Schirmer, diretora da Atenção Primária à Saúde da Capital, devido à baixa procura nos pontos de vacinação houve uma preocupação com as doses recebidas do Estado que sobraram e, por isso, a prefeitura fez ampliações. 

— Alguns dos fatores para a baixa procura são a melhora no quadro epidemiológico, casos mais leves, menos internações e menos óbitos. O que passa uma segurança e faz com que as pessoas deixem de procurar a vacina. Já vimos isso com a terceira dose, agora com a quarta e, possivelmente, com a quinta, quando houver — explica Caroline.

O município da Região Metropolitana que está à frente neste quesito é Viamão, que liberou na segunda-feira (22) a quarta dose para pessoas com 18 anos sem comorbidades. Desta forma, é importante ponderar que o público que pode tomar a quarta dose é maior e o total de quem está com a vacinação atrasada não é exato.  

— Na última sexta-feira (19), fizemos o balanço de doses em atraso para o público de até 30 anos apto a tomar a quarta dose, mas que não havia procurado fazer. E havia mais de 15 mil pessoas. Além da procura da vacina ser baixa, é uma realidade de outros municípios a questão de ter lotes que vencem no final do mês. Estamos fazendo esses chamados para avançar no número de imunizados e para não perder vacinas — afirma a secretária de saúde de Viamão, Michele Galvão.  

Em relação a doses que estão perto do vencimento, há orientação para que municípios e Estados priorizem o uso dessas vacinas até o prazo e depois mantenham o armazenamento para aguardar um comunicado da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre uma possível prorrogação.

Conforme Michele, além da divulgação nas redes sociais da cidade, ocorre a busca ativa de agentes de saúde a essas pessoas que estão com doses em atraso. 

— É a falsa sensação de segurança ou aqueles que fizeram o reforço, tiveram alguma reação e estão com medo. Também há relatos de quem pensa que é "demais" tomar a quarta dose — explica a secretária sobre a baixa adesão. 

Cachoeirinha, Eldorado do Sul, Guaíba e Novo Hamburgo aplicam a quarta dose em pessoas com 40 anos. Em Canoas, a quarta dose está liberada para quem tem 37 anos. Esteio, a partir dos 30 anos. Alvorada e Gravataí aplicam em quem tem 39 anos ou mais. São Leopoldo e Sapucaia do Sul liberaram para quem tem 35 anos ou mais. Em 11 cidades, pessoas a partir dos 18 anos com comorbidades podem ser vacinadas. A exceção é São Leopoldo, que aplica a quarta dose nos imunossuprimidos a partir dos 12 anos de idade.  

Monitoramento dificultado

O Diário Gaúcho também entrou em contato diretamente com as prefeituras para obter as informações dos municípios, mas algumas não estavam com dados atualizados conforme as faixas etárias que já estão liberadas para receber a quarta dose. Além disso, conforme a assessoria de Canoas, por exemplo, o monitoramento está sendo dificultado, pois há residentes que estão se vacinando nas cidades em que trabalham e não no mesmo lugar onde iniciaram a imunização. Novo Hamburgo também apontou dificuldades de conseguir os dados de quem é apto a receber a dose, tendo em vista a ampliação do grupo nos últimos dias e, assim, havia muitas variáveis para filtrar a quantidade exata. 

No caso de Viamão, até sexta-feira passada, o cálculo mostrava que cerca de 15 mil pessoas estão com a quarta dose em atraso. Já no painel da SES, constava mais de 36 mil pessoas com a dose em atraso. Segundo Michele, titular da SMS, essa diferença dos números do município com a base de dados do Estado é algo que acontece desde o início da campanha por haver moradores de Viamão que se vacinam em Porto Alegre e vice-versa. 

Outras cidades como Alvorada, Cachoeirinha, Eldorado do Sul, Esteio, Guaíba e Sapucaia do Sul informaram os números do público apto e as doses aplicadas e também há diferenças nas quantidades quando comparadas com o painel da SES.

Com base nos dados do Estado, a cidade que lidera o atraso na aplicação da quarta dose é Novo Hamburgo, cujo número de atrasados representa 71,8% do público apto. Conforme a prefeitura, no entanto, foram aplicadas 32.347 doses do segundo reforço até quinta-feira (18)  — no painel da SES apenas 10.105 doses foram aplicadas.  

Já o menor índice de "inadimplência vacinal" da Região Metropolitana é em Guaíba, conforme os parâmetros do sistema da SES, com 37,9% do público apto não vacinado. A prefeitura informou que foram aplicadas 19.990 doses do segundo reforço até quinta-feira passada.

Prevenção de complicações

No Rio Grande do Sul, até o momento, 88% de todos os gaúchos tomaram a primeira dose, 81% tomaram a segunda, 57% tomaram a terceira e 15% receberam a quarta dose.  

— O mais importante é que estejamos com a vacinação em dia. A quarta dose reforça ainda mais a chance de que, se a pessoa tiver covid, a doença não será grave. Então, é extremamente importante que a pessoa faça a quarta dose, a fim de que seja aproveitada a máxima proteção que as vacinas podem dar contra as formas mais graves da covid. A vacina protege contra as complicações — explica Eduardo Sprinz, chefe do setor de Infectologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) e professor na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Outra situação que causa estranhamento das pessoas é a combinação de doses de marcas diferentes. O Ministério da Saúde indica que a quarta dose seja feita com as vacinas da Pfizer, AstraZeneca ou Janssen, independentemente da marca recebida antes. 

— Estudos que fizemos no Hospital de Clínicas demonstram que se a gente combinar diferentes vacinas, a proteção é maior e mais ampla. O nome disso é vacinação heteróloga — afirma Sprinz. 

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