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Nova vida em 2022

Em busca de ajuda: o que marcou setembro para trio de leitores acompanhados pelo DG

Ao longo do ano, o jornal conta a trajetória de Aline, Delene e Gerson na busca de seus objetivos; nesta mês, saiba mais sobre o atendimento dos Centros de Referência de Assistência Social em Porto Alegre

30/09/2022 - 06h00min


Mateus Bruxel / Agencia RBS
Neste mês, Delene Cesconetto ganhou um estabilizador que pode ajudar a reduzir as dores no tornozelo

Desde o início do ano, o Diário Gaúcho acompanha três leitores na saga por realizar seus sonhos. Gerson, de Cachoeirinha, queria um novo sorriso, e alcançou a meta em março. Em setembro, avançou em outro objetivo: os rascunhos de seus futuros livros.

Aline, de Viamão, estava em busca de um emprego e foi contratada em abril. Agora, pode dar mais espaço aos estudos. Já Delene, de Porto Alegre, segue com o desejo de conquistar a casa própria. Enquanto isso não vira realidade, tenta resolver outra questão — como se manter financeiramente e ter o básico na rotina mês a mês.

A assistência social pode apoiar quem está em situação parecida. Por isso, o DG foi em busca de informações sobre os Centros de Referência de Assistência Social (Cras) de Porto Alegre, considerados a porta de entrada da assistência social.

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Cras: assistência social para quem precisa de acolhida

Os Cras têm dois principais serviços, indica Márcia Dreyer, coordenadora de Proteção Social Básica da Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc). Um deles é o de Proteção e Atendimento Integral à Família, com psicólogos e assistentes sociais para acolher a família ou o indivíduo, saber quais demandas tem e a que benefícios é possível ter direito. Essa avaliação é feita por meio de uma conversa.

O outro é o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, que foca no atendimento a crianças, adolescentes e idosos. É o caso, por exemplo, de os pequenos terem alguma atividade no turno inverso ao escolar.

Benefícios

— Sempre que a pessoa se sente em desproteção, que precisa de orientação para poder retomar emprego e renda, para poder requisitar seus direitos e saber os direitos que tem, ela deve procurar o Cras para justamente conhecer aquilo que poderia ter direito e desconhece — destaca.

A partir da escuta que é feita, as equipes dos Cras podem oferecer benefícios eventuais — ou seja, temporários — para a família ou o indivíduo. Isso também é feito por outros locais da assistência social na cidade, como abrigos e unidades do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas).

Entre os benefícios, há cesta básica, cartão alimentação e auxílio moradia. É possível também conseguir passagens no cartão TRI para deslocamento, principalmente no caso de consultas médicas ou entrevistas de emprego. Há, ainda, auxílio viagem (valor que ajuda na compra de passagem de retorno à cidade de origem, por exemplo), auxílio proteção especial (para prevenir que a família ou a pessoa fique em situação de rua ou precise de acolhimento) e auxílio funeral.

— Só que, claro, são recursos que nós não temos sempre disponíveis porque são poucos os benefícios para o número de necessidades. Mas essa avaliação social é que vai indicar a prioridade — ressalva Márcia.

Ela pontua, ainda, que os benefícios complementam o atendimento e o acompanhamento feitos pelo Cras.

CadÚnico

Também por meio da assistência social os cidadãos podem se inscrever no Cadastro Único, o CadÚnico. Em Porto Alegre, a Fasc realiza o cadastramento das famílias nesse sistema (saiba mais no final da reportagem), que é nacional.

— Esse cadastro vai gerar um banco de dados para o governo e, conforme o que a pessoa declara da sua renda, da sua condição, da sua origem, ela pode ser contemplada pelos benefícios que o governo federal concede — esclarece a coordenadora da Proteção Social Básica da Fasc.

Auxílio Brasil, Tarifa Social de Energia Elétrica, Auxílio Gás, Minha Casa Verde e Amarela e Benefício de Prestação Continuada (BPC) são alguns. Esse último, por exemplo, é destinado a idosos com 65 anos ou mais e a pessoas com deficiência, garantindo um salário mínimo por mês.

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Delene está à procura de solução

É justamente na tentativa de conseguir um suporte financeiro, já que não consegue trabalhar, que Delene Cesconetto, 43 anos, moradora do bairro Santa Tereza, na Capital, está tentando se aposentar ou conseguir algum tipo de auxílio do INSS. Mas, desde 2018, seus pedidos vêm sendo negados. 

Em setembro, ela conseguiu entrar em contato com a Defensoria Pública da União. E, agora, com mais laudos e atestados sobre sua condição de saúde, espera que a instituição possa dar andamento ao caso. 

Enquanto isso, se vira como pode. A moradora da Capital aceita doações de alimentos, itens para higiene e medicamentos (pregabalina 150mg, hidroxicloroquina 400mg, vitamina D e ciclobenzaprina), segue oferecendo aulas de Português em sua casa ou de forma remota para alunos de séries iniciais ou idosos, assim como faz vendas de lingeries e cosméticos e também de uma rifa para cesta de café da manhã (cada número custa R$ 2). Para contribuir, é possível entrar em contato pelo (51) 98601-0354. 

Nesta semana, ela começou a pré-venda do livro TikTextos: Minicontos, Haicais, Poetrix, Aforismos e outros textos brevíssimos, onde há textos seus e de colegas que participaram de um curso de escrita criativa.

Ela aceita contribuições também por meio de uma vaquinha online, no link bit.ly/ajudedelene, ou via Pix, com a chave sendo o número de telefone (51) 98601-0354. 

Primeiro passo 

Mateus Bruxel / Agencia RBS
Com o estabilizador para o lado esquerdo garantido, agora a moradora de Porto Alegre está em busca de um para o outro pé

Entre os documentos entregues à Defensoria, está um atestado que Delene recebeu na consulta com um ortopedista no final de agosto. O médico indicou que, no caso dela, é necessário cirurgia nos tornozelos. Mas há obstáculos: o valor — a partir de R$ 7 mil — e os cuidados necessários principalmente nos primeiros dias. Como alternativa, o ortopedista sugeriu a utilização de estabilizadores de tornozelo.

— Quando comecei a caminhar, andava na ponta dos pés, por conta da deficiência (Delene teve paralisia cerebral), daí fizeram uma cirurgia nos tendões, e o pé baixou. Aí, ele virou pra dentro, forçou o tornozelo a vida toda e acabou gerando esse desgaste, não tem mais cartilagem — explica.

Com o item, a ideia é que os ossos não fiquem em contato direto, diminuindo a dor. Um dos estabilizadores, para o pé esquerdo, foi presente de um amigo, o técnico de segurança do trabalho Diego Tessmann, 42 anos. Ele conta que decidiu comprar por saber que Delene "precisa e merece":

— Apesar de ela não ter nada, ela ainda tira do nada o que tem para ajudar pessoas em condições mais carentes que a dela. E desde sempre foi assim.

Aliás, para outubro, a moradora de Porto Alegre está aceitando pipoca doce, bala e pirulito para doar para crianças em duas iniciativas. Segue também em busca de um estabilizador para o pé direito. O modelo que precisa custa em torno de R$ 230 em lojas ortopédicas de Porto Alegre.

Entre altos e baixos

Gerson Fabiano Pacheco / Arquivo Pessoal
Gerson escreve os rascunhos dos seus livros a mão

Nem só de vitórias se vive, e Gerson Fabiano Pacheco, 43 anos, do bairro Veranópolis, em Cachoeirinha, sabe bem disso. Ele, que está na sexta série por meio da Educação de Jovens e Adultos (EJA), acabou não conseguindo ir às aulas em parte deste mês. Gerson trabalha como pedreiro e, por chegar em uma fase mais pesada da obra, sentiu o cansaço tomar conta do corpo. 

Junto a isso, parte da euforia de quando voltou aos estudos deu lugar à sensação de que precisa de dedicação e concentração maiores. 

— Eu mesmo deixei diminuir um pouco essa luz, mas parar e desistir não são opções, agora eu tenho que retomar de novo — afirma ele, que espera renovação para outubro.

Algo que não ficou parado nem virou motivo de desistência foi a motivação para planejar os três livros sobre sua vida (um com foco em sua infância, outro sobre o período em que esteve nas ruas e o terceiro sobre o que viveu após as drogas). Em setembro, lembrou de outros fatos e anotou em seu caderno de rascunhos. No meio do trabalho, teve a ideia de um título: Minha Vida Merece um Livro.

— Tem tantas pessoas que também têm uma vida que merece ser escrita em um livro, talvez isso vá acender a fagulha em mais alguém — avalia. 

Colhendo frutos

Marco Favero / Agencia RBS
Aline conquistou o sonhado emprego de carteira assinada ainda no início do ano

Já no bairro Esmeralda, em Viamão, Aline dos Santos Veiga, 32 anos, aguarda o resultado da avaliação que fez no final de agosto. Pela primeira vez, ela foi uma das participantes do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja), que permite a jovens e adultos que não fizeram o Ensino Fundamental ou o Médio garantir um certificado de conclusão. A expectativa é de que as notas saiam no final do ano.

— Para mim, foi bem satisfatório, foi bem legal, eu fiquei bem feliz que consegui fazer a prova, independente do resultado — comenta.

Desde então, por meio de pesquisas na internet, livros e vídeos, Aline retomou alguns conteúdos que acabou não estudando e viu que caíram na avaliação. 

Em setembro, seu filho mais novo, de três anos, entrou em uma escolinha. Essa foi uma das conquistas financeiras de Aline desde que conseguiu voltar ao mercado de trabalho.

— Os guris (os três filhos) também ficam felizes, faceiros. "Nós vamos poder comprar esse mês tal coisa", ou até na hora de fazer o rancho e as compras, eles já ficam felizes, gostam de ir para escolher, para ajudar também, eles gostam de ficar olhando os preços — descreve Aline, que conta também com o apoio de familiares quando necessário.

Onde buscar atendimento em Porto Alegre

São 22 Cras em Porto Alegre, com atendimento das 8h às 12h e das 13h às 17h, de segunda a sexta-feira. É recomendado ligar antes de ir ao local. Há possibilidade de atendimento domiciliar em alguns casos. Confira endereços e telefones abaixo:

/// Rua Alm. Álvaro Alberto da Mota e Silva, s/n - Cidade Baixa. Telefone: (51) 3289-5049
/// Rua Curupaiti, 27 - Cristal. Telefone: (51) 3289-4847
/// Travessa Mato Grosso, 65 - Medianeira. Telefone: (51) 3289-4998
/// Rua Josefa Barreto, 150 - Passo das Pedras. Telefone: (51) 3289-4831
/// Rua Gumercindo Oliveira, 23 - Chapéu do Sol. Telefone: (51) 3289-4784
/// Rua Maria Trindade,115 - V. Tecnol. Farrapos. Telefone: (51) 3289-4979
/// Rua Coronel Neves, 555 - Medianeira. Telefone: (51) 3289-4987
/// Rua Francisca Prezi Bolognese, 352 - Hípica. Telefone: (51) 3289-4776
/// Rua Capitão Coelho, 64 - Ilha da Pintada. Telefone: (51) 3289-4762
/// Rua Jerusalém, 615 - Bom Jesus. Telefone: (51) 3289-4751
/// Rua Emílio Keidann, 50 - Morro Santana. Telefone: (51) 3289-4738
/// Rua Jaime Rollemberg de Lima, 137 - Vila Mapa. Telefone: (51) 3289-4973
/// Avenida Martim Félix Berta, 2.357 - Mário Quintana. Telefone: (51) 3289-4770
/// Rua Irene Caponi Santiago, 290 - Vila Floresta. Telefone: (51) 3289-4943
/// Rua Paulo Gomes de Oliveira, 200 - Sarandi. Telefone: (51) 3289-4925
/// Rua Abelino Nicolau de Almeida, 330 - Sta. Rosa. Telefone: (51) 3289-4945
/// Rua Barão do Amazonas, 1.959 - Partenon. Telefone: (51) 3289-4964
/// Rua N 2, 20 - 5ª Unidade, Restinga. Telefone: (51) 3289-4920
/// Rua Economista Nilo Wulff, s/n - Restinga. Telefone: (51) 3289-4788
/// Avenida Guarujá, 190 - Guarujá. Telefone: (51) 3289-4689
/// Rua Irmão Faustino João, 89 - Rubem Berta. Telefone: (51) 3289-4781
/// Rua Arroio Grande, 50 - Cavalhada. Telefone: (51) 3289-4974

Na Capital, os Cras estão fazendo atendimento CadÚnico para públicos prioritários e casos mais graves. Espalhados pela cidade, há outros 10 pontos com foco específico nesse cadastramento, também de segunda a sexta-feira. Confira abaixo:

Das 8h às 17h (sem fechar ao meio-dia):
/// Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social - Av. João Pessoa, 1.105 - Farroupilha
/// Vida Centro Humanístico - Av. Baltazar de Oliveira Garcia, 2.132 - Sala 656 - Área 6, Sarandi
/// Sine Municipal - Av. Sepúlveda, esquina com Mauá, centro
/// Estação Cidadania Lomba do Pinheiro - Estrada João de Oliveira Remião, 5.673, Lomba do Pinheiro

Das 8h30min às 12h e das 13h30min às 17h30min, nas subprefeituras:
/// Cristal - Av. Copacabana, 1.096, Tristeza
/// Extremo Sul - Av. Des. Jorge Mello Guimarães, 12, Belém Novo
/// Restinga - Rua Antônio Rocha Meirelles Leite, 50, 2ª Unidade, Restinga Nova
/// Partenon - Av. Bento Gonçalves, 6.670, Terminal Antônio de Carvalho
/// Leste - Rua São Felipe, 144, Bom Jesus
/// Norte – Rua Afonso Paulo Feijó, 220, Sarandi

Para obter mais informações, consulte no site prefeitura. poa.br/fasc ou ligue para (51) 3289-4900 ou 156.

Produção: Isadora Garcia


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