Bicharada
Com ajuda do marido, voluntária cuida de mais de 20 animais na Restinga
A ex-faxineira, que resgatou o primeiro animal há cerca de 20 anos, hoje pede apoio com ração e produtos de limpeza para continuar o trabalho
Na rua de casa, Sandra Regina dos Santos Oliveira, 61 anos, moradora do bairro Restinga, em Porto Alegre, viu sua vida mudar. Hoje cuidadora de 15 cães e 10 gatos, a ex-faxineira resgatou o primeiro animal há cerca de 20 anos, a pedido do filho Paulo Júnior Santos da Fonseca, 30 anos. Ele avistou um cachorro coberto de ferimentos e convenceu Sandra a levar o animal para casa, onde ficou sendo cuidado e amado por mais de 10 anos, até morrer de velhice.
O cãozinho Snoopy, como foi chamado pela família, foi o pontapé inicial para Sandra se engajar na causa animal. Contando apenas com a ajuda do marido, Paulo Oliveira da Fonseca, 67 anos, pedreiro aposentado, a voluntária já resgatou e cuidou de mais de 100 bichinhos.
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Vida baseada no amor aos bichinhos
Em uma casa simples, o casal adapta suas rotinas e espaços para garantir o conforto dos animais resgatados. Com a experiência de Paulo em obras, os voluntários reformaram o pátio, colocando canis e espaços de soltura e de banho para os animais. As manhãs também foram ajustadas, começando bem cedo, para darem conta das tarefas que envolvem os bichinhos.
Entre limpezas dos canis, alimentação, soltura, banhos e cuidados veterinários dos mais de 20 animais, Sandra conta que ainda deixa um espaço na agenda para eventuais urgências, como para o apoio de animais abandonados no bairro.
A ex-faxineira diz que, apesar de gostar de ajudar os animais, o trabalho não é fácil, e, em muitos momentos, é preciso abrir mão de confortos e desejos para garantir o bem-estar de todos os pets.
– Às vezes, deixamos de comer carne aqui em casa para conseguir comprar a ração deles. Também não consigo mais passear para longe ou ter férias, porque não tem como deixá-los sozinhos. Penso que a vida deles (dos animais) é muito curta para passarem sofrendo. Por isso, decidi ajudar como posso – confessa.
Leitora do DG deu ajuda que era urgente
Receber ajuda não é nada comum no cotidiano do casal. Pelo contrário. A dupla costuma socorrer quem precisa de apoio e ser sobrecarregada com a irresponsabilidade de tutores que abandonam e maltratam. Porém, em 2017, eles foram surpreendidos com um baita auxílio.
Na época, Sandra tinha uma lancheria na frente de casa e uma cliente fiel: uma cadelinha que ia com frequência pedir um aperitivo. Em certo momento, ela ficou três dias sem aparecer e, quando voltou, Sandra notou que o bichinho estava com uma fratura exposta, possível resultado de um atropelamento.
A voluntária levou o animal à então Secretaria Especial dos Direitos Animais (Seda), mas foi informada de que eles não faziam esse tipo de cirurgia. Sem condições de pagar tratamento, Sandra recorreu ao DG, divulgando a situação.
– Um ou dois dias depois da publicação, uma leitora anônima pagou todo o tratamento da Sapeca (nome que deu ao animal), incluindo a colocação de pinos. Achei que era mentira.
Hoje, “nem parece que (Sapeca) sofreu um acidente e precisou colocar pinos”, afirma Sandra.
Como ajudar
/// O casal aceita doações de ração, produtos de limpeza e remédios para pulgas e carrapatos. Mais informações sobre onde levar os itens podem ser obtidas com Sandra pelo telefone (51) 99595-8126.
/// Ajuda financeira pode ser enviada pelo Pix (chave CPF): 50857754068.
Produção: Júlia Ozorio