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Papo Reto 

Manoel Soares: "Feliz Aniversário para mim"

Colunista escreve para o Diário Gaúcho aos sábados

17/06/2023 - 05h00min


Arquivo Pessoal / Arquivo Pessoal
Manoel Soares faz 43 anos neste domingo (18)

Neste domingo completo 43 anos de idade. Comecei a trabalhar com nove anos e de lá para cá nunca mais parei. Trabalhar sempre foi para mim símbolo de utilidade humana. Quem não trabalha não tem sentido. Tudo que fiz foi para trabalhar ou continuar trabalhando. O dinheiro nem sempre foi o suficiente e, sinceramente, não sei se um dia será, porque quanto mais ganhamos, mais necessidades aparecem. 

Trabalhando oito horas por dia, eu gastei em minha vida toda o equivalente a 10 anos só trabalhando. Pensando que eu dormi oito horas por dia, gastei outros 11 anos dormindo. Lá se vão 21 anos da minha vida que não vivi fazendo o que me faz feliz. Não posso reclamar, Deus foi generoso comigo, mas não quero fazer 86 anos dizendo que gastei mais de 20 anos de minha vida entre trabalho e sono. 

Analisando minha vida até aqui, entendi que sempre tive uma relação de consumo com minhas conquistas. Nunca tive tempo de aproveitar nada porque não estava ali naquele momento, sempre atento ao próximo passo, à próxima conquista, como melhorar meu salário, como chegar mais longe. Tudo bem que esse pensamento me fez entender que o menino que andava pela Vila Cruzeiro buscando quem vendia o xis mais barato alcançou muito mais que imaginava. 

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Mas, hoje, me pergunto se meus planos são baseados nessa necessidade de ter sempre mais ou na consciência de quem está em um carro a 200 Km/h e não consegue ver o pôr do sol. Às vezes, temos que parar o carro, sentar-se na beira da estrada e olhar com calma. 

Mês que vem, vou para um país do continente africano, Angola. O que me motivou conhecer foi visitar a província de Benguela, e esse é meu presente para mim mesmo. O que me fez escolher esse ponto do planeta foi uma foto que vi do pôr do sol lá. Quando vi a foto, lembrei que poucas vezes me sentei para apreciar o pôr do sol no Gasômetro – mesmo podendo, eu deixava esse espetáculo passar. 

Prometi a mim mesmo que não vou desperdiçar a beleza do sol se pondo, de meus filhos brincando, de uma taça de vinho à beira do fogo. Decidi que serei menos consumista com a vida. Lutei muito, sofri, suei, chorei, mas agora acho que mereço viver, viver e ser feliz. Com a maturidade de quem está com a barba branca, me desejo um feliz aniversário.


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