Neste mês, muito se falou sobre a questão racial, como se isso fosse mudar algo. Eu, sinceramente, me pergunto se o Dia da Consciência Negra muda a cabeça de alguém. Queria que você, que está lendo, respondesse com sinceridade: você acha que existe racismo?

Bom, agora peço que responda em voz alta: você é racista? É por isso que a conta não fecha, tudo mundo diz que o racismo existe, mas ninguém se entende como racista. Enquanto as pessoas não reconhecerem que algumas atitudes suas são racistas, nós estamos lutando contra um mal imaginário. Assim como não tem como ser homem hoje e não ser machista, não existe uma forma de ter a pele clara hoje e não ter algum grau de racismo. 

Às vezes é sem que você queira, às vezes é até contra a sua vontade, mas o racismo te beneficia e se sustenta por gerar privilégio para um grupo específico de pessoas. Se você que está lendo sentiu vontade de dizer que existem negros racistas também, já é a prova de que você precisa dar uma estudada nesse assunto. Racismo não é questão de opinião, é igual a pedofilia, não tem meio-termo, quem toca uma criança com intenção sexual é pedófilo, pronto acabou. Quem trata alguém diferente pela cor da pele é racista, pronto acabou. 

Se você chega em um restaurante e só tem brancos, aquele espaço sobrevive do racismo, pois não investe na diversidade. Hoje é necessário ser antirracista, ou seja, precisamos criar condições para pessoas negras estarem em iguais oportunidades. E não adianta dizer que já somos todos iguais, quer ver só: quantos médicos negros você conhece? Quantos gerentes de banco negros você conhece? Quantos juízes negros você conhece? Das duas, uma: ou os negros são uns preguiçosos que não chegam nos lugares porque não trabalham, ou existe racismo. Se a primeira opção lhe pareceu a mais correta, seu caso é sério.