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Papo Reto 

Manoel Soares: "Respeitem as mulheres durante o puerpério"

Colunista escreve para o Diário Gaúcho aos sábados 

11/11/2023 - 05h00min


Diário Gaúcho
Diário Gaúcho
Manoel Soares / Arquivo Pessoal
Puerpério não é frescura

Quero falar com vocês sobre uma palavra que está há pouco tempo no vocabulário brasileiro, mas que precisa, principalmente por nós, homens, ser conhecida e compreendida. Estou falando do puerpério. É o período em que os órgãos reprodutores femininos estão se adequando ao corpo após o parto e que pode durar até dois meses. 

É fundamental que este período seja compreendido e reconhecido pelos homens como uma situação real, não como frescura. Respeitar, por exemplo, a mulher quanto às relações sexuais é um ponto quem tem gerado muitas situações que chegam a dar nojo. Muitos homens obrigam suas esposas no puerpério a transar, mesmo com dores e com uma situação psicológica abalada. Alguns desses homens ameaçam ir “buscar na rua” caso não tenham sexo em casa. Esse padrão de insensibilidade gera o que pode ser definido como estupro conjugal, quando a pessoa é obrigada a ter relações sexuais por meio de coação dentro do casamento. 

Não existe esse papo de que sou homem e tenho necessidades e desejos, as mulheres também têm; nem por isso desrespeitam nosso corpo quando estamos com alguma fragilidade. Quando a mulher vive um parto por cesárea, essa situação se agrava ainda mais, pois além de ter uma questão psicológica séria e forte, existe também uma dor física absurda, além de um período de cicatrização. Essa atitude animalesca tem levado muitas mulheres a um sofrimento silencioso que pode gerar depressão e, em alguns casos, até suicídio

O governo federal aprovou, essa semana, uma lei que garante às mulheres grávidas e puérperas direito ao acompanhamento psicológico. O respeito às mulheres vai além de levar flores e dizer que ela é linda e guerreira, mas entender que existem realidades femininas que precisam ser respeitadas e que nosso lugar de privilégio masculino não pode continuar nesse ritmo de opressão e agressão, que muitas vezes é psicológica e estrutural.


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