Seu Problema é Nosso
Iniciativa pede ajuda para viabilizar ação de férias escolares na Capital
Kilombinho de Verão chega a segunda edição precisando de R$ 41 mil para atender 40 crianças que estão inscritas
Criado para oferecer a crianças negras, durante as férias escolares, um mergulho em atividades afrorreferenciadas, planejadas e conduzidas também por pessoas negras, o Kilombinho de Verão chega a sua segunda edição precisando de R$ 41 mil para ser viabilizado. Sob a supervisão do coletivo Associação Mães Pretas, da Capital, o projeto deve ocorrer de 8 a 19 de janeiro, no Arquivo Histórico de Porto Alegre Moysés Vellinho, no bairro Partenon, e terá 40 participantes.
– Serão 12 oficinas temáticas feitas por 18 arte-educadores, todos eles treinados e remunerados. Junto com os outros colaboradores, é o que nos gera a maior parte da despesa, cerca de R$ 36 mil – explica a servidora pública Adriana Centeno, 36 anos, presidente do coletivo.
Ela cita ainda custos com alimentação, transporte das crianças e materiais necessários para as atividades. Nestes casos, a iniciativa aceita parcerias.
Primeira edição
A primeira edição do Kilombinho ocorreu no verão deste ano, no Quilombo do Sopapo, na Zona Sul, com 20 participantes. Todos eles passaram pelas mesmas 12 oficinas programadas para o ano que vem.
– Muitas crianças negras são únicas em seus ambientes de convivência e não recebem o acolhimento que deveriam receber para que possam se voltar a sua negritude. Queremos oferecer isso, preencher essas lacunas para que elas consigam se enxergar e ter um espelhamento – observa Adriana.
Ela complementa, explicando que o objetivo é também fazer os pequenos olharem para os profissionais que vão oferecer as oficinas e saberem que eles podem ter um futuro parecido. Para isso, os oficineiros são normalmente profissionais de referência:
– Nosso projeto é muito artesanal, então, estamos fazendo formações desde outubro para que a negritude possa ser trabalhada de forma muito potente, afirmativa. E isso exige qualificação.
Expo Favela
Entre as oficinas, há robótica, movimentação corporal, culinária, plantio e contato com a terra e também uma atividade que desbrava territórios marcados por pessoas negras – essa, conduzida pela pesquisadora Daniele Vieira.
A tentativa de viabilizar a segunda edição do Kilombinho de Verão vem na sequência de um grande momento do projeto, a participação na edição nacional da Expo Favela Innovation – evento que reuniu 220 empreendimentos de favelas de 20 Estados do Brasil. A feira, realizada no início do mês, era a esperança que o grupo tinha para conseguir investidores. Porém, Adriana conta que, ao entender a dimensão da oportunidade, precisou recalcular a rota:
– Vimos que os frutos dessa participação serão colhidos a longo prazo, dentro da ideia que temos de tornar o Kilombinho um projeto que dure o ano todo, e não apenas durante as férias escolares. Agora, para a segunda edição, temos de viabilizar de outras formas.
Como ajudar
/// É possível doar por Pix por meio da chave kilombinhodeverao@gmail.com.
/// O coletivo também aceita parcerias para alimentação, transporte e materiais para brincadeiras. Interessados podem entrar em contato pelo WhatsApp (51) 99609-1550.
/// O coletivo Associação Mães Pretas está promovendo uma rifa de duas camisetas oficiais do Grêmio, ambas autografadas pelo jogador Luis Suárez. É possível comprar pelo site.
*Produção: Guilherme Jacques