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Biblioteca comunitária precisa de ajuda para reabrir na Capital
Espaço foi atingido pelo temporal que ocorreu no dia 16 de janeiro; prejuízo chega a R$ 4.500
Fundada em julho passado com o objetivo de democratizar a leitura e promover um espaço de educação popular, a biblioteca comunitária Projeto Raio de Luz, vinculada à escola de samba Fidalgos e Aristocratas, teve parte da estrutura atingida pelo forte temporal que acometeu o Estado no dia 16 de janeiro. O prédio, no bairro Santana, em Porto Alegre, que antes oferecia diversas oficinas à comunidade, agora não tem previsão de reabrir. Isso só deve acontecer após a reconstrução, ao custo de cerca de R$ 4.500.
Após a chuvarada, a assistente social e fundadora da biblioteca, Susane Santos, 50 anos, foi até lá e deparou com um cenário de destruição: as telhas e parte do forro haviam sido perdidos com a ventania. Com a falta de proteção, a água invadiu o local e atingiu os cinco computadores e o acervo com mais de 600 títulos, doados pela comunidade.
– Perdemos coleções de livros que eram muito interessantes e ainda estamos aguardando para ver o quão danificados estão os computadores – lamenta, comentando que os equipamentos foram doados há cerca de dois meses.
Estragos
Ao menos 50 livros precisaram ser descartados, e outros cem devem passar por um processo de recuperação. Enquanto isso, Susane improvisou uma proteção ao acervo com lonas. A cozinha, onde costumava fazer o almoço que oferece às crianças, também foi afetada. A reconstrução do telhado é a principal necessidade, agora.
Conforme a assistente social, no espaço, costumam ser ofertadas turmas de alfabetização para idosos, oficinas literárias, reforço escolar e, também, rodas de conversas, em que se debatem questões como negritude e educação popular.
– Eu cresci aqui na Fidalgos, e meus filhos, também. Sempre tivemos esse espaço familiar. Tudo o que sou, devo a essa escola de samba – orgulha-se.
A professora de filosofia Pâmela Ferreira, 26 anos, está à frente de disciplinas de reforço escolar e das oficinas literárias. Ela conta que as atividades seriam retomadas em fevereiro, com o retorno das aulas na rede pública. Já nos primeiros meses de funcionamento da biblioteca, foi firmada uma parceria com a Escola Estadual de Ensino Fundamental São Francisco, que fica próxima à sede. Dessa forma, estudantes de todos os níveis de ensino visitavam o acervo ao menos uma vez na semana, participando das oficinas e retirando livros. O resultado da parceria, segundo Pâmela, foi positivo:
– Os professores comentavam que percebiam uma mudança muito legal nos alunos depois que passaram a participar das atividades, que tiveram uma melhora nas notas e estavam lendo mais.
Esperança em reabrir logo
Como o trabalho é totalmente voluntário, a dupla e os demais colaboradores não conseguem se dedicar exclusivamente às oficinas. Por isso, o local é aberto apenas duas vezes na semana, durante as quintas-feiras e aos sábados.
– Nosso desejo, para o futuro, é poder abrir a biblioteca com mais frequência durante a semana – explica a assistente social.
Pâmela conta que o plano para este ano, que deve se concretizar assim que a reforma acontecer, é oferecer aulas de filosofia para as crianças e jovens.
– A disciplina (de filosofia) já não é mais obrigatória no currículo escolar, mas nós consideramos esse conhecimento fundamental para a formação de um cidadão, por isso, queremos dar início a esse trabalho ainda nesse ano – deseja.
A pequena Isabella Nascimento, 11 anos, frequenta o sexto ano da Escola São Francisco e revela que não perde nenhuma atividade. Por morar próximo, costumava passar algumas manhãs na sede. Retirando livros e tendo aulas de reforço de matemática, conta que é um dos seus espaços preferidos e que recebeu com tristeza a notícia da interdição.
– Quando eu crescer, quero ser professora de português. Sempre gostei das oficinas literárias da biblioteca, eu adoro escrever poesias – afirma.
COMO AJUDAR
/// Doações de materiais de construção, de limpeza e livros podem ser entregues presencialmente às quintas-feiras, das 10h às 17h, na sede da Escola de Samba Fidalgos e Aristocratas (Avenida Ipiranga, 2.485, bairro Santana). Eles também precisam de ajuda com voluntários para realizar a reforma.
/// Contribuições financeiras devem ser feitas pelo Pix (e-mail) omoaladun12@gmail.com.
/// Mais informações podem ser obtidas pelo WhatsApp: (51) 99171-7318.
Produção: Nikelly de Souza