Seu Problema é Nosso
Morador de Gravataí, idoso espera há dois meses por diagnóstico
Suspeita de câncer preocupa o aposentado Carlos Erasmo Corrêa, 78 anos; Secretaria Estadual da Saúde não comenta o caso
O aposentado Carlos Erasmo Corrêa, 78 anos, convive há dois meses com a angústia de esperar pelo diagnóstico de um otorrinolaringologista especialista em laringe. A consulta, solicitada em novembro do ano passado, deve confirmar ou descartar a suspeita de um câncer.
– O médico do Centro de Especialidades (da cidade) me encaminhou porque lá não tinha os equipamentos necessários para fazer um exame. Solicitei a consulta, e minha prioridade era vermelha, com espera média de 36 dias. Só que mudaram para amarelo, e o tempo de espera agora é de 974 dias. Nem sei se vou viver tudo isso – reclama o morador do bairro Jardim Itacolomi, em Gravataí.
A mudança na classificação de gravidade do caso espantou Carlos. O idoso alega que não passou por qualquer tipo de reavaliação ou recebeu avisos sobre a mudança. E, por isso, questionou a ouvidoria do Sistema Único de Saúde (SUS) sobre os critérios que haviam sido adotados. Em resposta, lembra ter sido informado de que deveria continuar esperando o agendamento da consulta, uma vez que essa seria uma ação do sistema de regulação estadual – área da Secretaria Estadual da Saúde responsável por gerir consultas e as prioridades de cada paciente.
– Como é que o meu caso deixa de ser grave e precisar de urgência sem uma consulta? Sem um médico me olhar, avaliar minha voz? – questiona ele, citando um dos sintomas que o fizeram procurar um médico.
Foram a rouquidão e a dor de garganta – Carlos fala em uma sensação de “esganação“– os fatores que o levaram ao médico pela primeira vez e que ainda o acompanham. Isso, somado ao fato de que ele já venceu um câncer há alguns anos, fez o primeiro especialista cogitar o diagnóstico que, agora, preocupa o aposentado.
Exame
Para conseguir uma resposta, porém, ele precisa passar pela consulta com o otorrinolaringologista especialista em laringe em uma clínica ou hospital que ofereça estrutura para um exame de videolaringoscopia. Trata-se de um exame de imagem em que os médicos podem visualizar, entre outras, a região da laringe.
Carlos confessa que chegou a cogitar a realização do procedimento em uma clínica particular, a fim de agilizar o diagnóstico. Mas desistiu:
– Do que adianta eu descobrir que é um câncer e não poder tratar? Seria pior do que está sendo. Preciso fazer pelo SUS, porque se for isso já começo o tratamento. Não quero ficar esperando a morte. Tenho meus netos para ver crescer.
Secretaria não comenta o caso
Em nota, a Secretaria Estadual da Saúde afirma que a regulação de pacientes que precisam de atendimento especializado ocorre “conforme avaliação técnica de profissionais de saúde do município de origem e da Central de Regulação”. Diz ainda que é “esta avaliação que determina as prioridades e o momento adequado e seguro para a realização de procedimentos e transferência de pacientes”.
Por fim, salienta que, “em respeito à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e a todos os pacientes que aguardam por atendimento e seguem o devido processo técnico de regulação”, não pode fornecer dados sobre o caso de Carlos.
*Produção: Guilherme Jacques