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Gente como a gente

Zelador chega a tirar dinheiro do próprio bolso para dar aulas de futebol para crianças carentes

Tio Nego, como é conhecido no bairro Mario Quintana, em Porto Alegre, já trabalha com jovens há mais de 15 anos 

04/05/2016 - 10h00min

Atualizada em: 04/05/2016 - 10h01min


João Linden
João Linden
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O zelador João Dias da Silva, 45 anos, tem dois filhos com Eva Cristina, sua mulher: Gerson e Nathalia. Mas com o bairro Mario Quintana, em Porto Alegre, ele já teve dezenas, quiçá centenas. É nesse local, onde reside, que ele ganhou o apelido de "Tio Nego" dos meninos que treinam futebol e o tratam como um "segundo pai".

Há 16 anos, esses jovens entre 7 e 17 anos o tiram de casa ao menos três vezes por semana para jogar bola no campo do Parque Chico Mendes. Apesar de saber exatamente o dia em que os treinos começaram, em 10 de março de 2000, ele não sabe dizer os motivos.

– Não sei ao certo o porquê. Sempre via os jovens da comunidade atirados, sem nada para fazer. Como sempre gostei muito de futebol, propus essas atividades, e deu muito certo. Hoje, o time da Associação Comunitária Eucaliptos já tem uma sede cheia de troféus – conta Tio Nego.

Mas esses títulos só vieram com muita dedicação do professor, que várias vezes chega a tirar dinheiro do próprio bolso para manter as aulas. E a sua família entra no clima. Sua mulher faz lanches nos dias de campeonato. Os filhos atacam na organização. Já os amigos e vizinhos dão um jeito de conseguir transporte. As crianças se esforçam, não faltando aos treinos e jogando até depois que escurece.

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– Dá muito trabalho, mas, no final, vale a pena. É muito bom sentir a alegria deles em dia de treino. Os sorrisos que eles dão são lindos, e também ganho muitos abraços – explica Tio Nego.

Mas não é só de sorrisos e abraços que é feita a relação entre o professor e a gurizada. Ele dedica parte do tempo dos treinos para alertas aos meninos sobre os problemas ocasionados pela violência e o tráfico de drogas, duas constantes no bairro.

– Ele sempre nos dá muito incentivo para buscar o sonho de ser jogador profissional. E sempre estudar, respeitar os outros e ficar longe das drogas – diz Matheus Flores Gonçalves, 12 anos, aluno de Tio Nego.

*Diário Gaúcho


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