Segurança Já
Linha do tempo: os 12 dias em que a criminalidade derrubou o secretário de Segurança do Estado
Desde o Dia dos Pais, sequência de crimes violentos aumentou a pressão sobre Wantuir Jacini, que deixou o cargo na noite de quinta-feira
Foi um intervalo de 12 dias desde o Dia dos Pais, quando dois latrocínios quase simultâneos deixaram a Capital em comoção. Desde então, pelo menos 50 pessoas foram assassinadas na Região Metropolitana – uma média superior a quatro mortes por dia.
A escalada de violência aumentou a pressão sobre o secretário de Segurança, Wantuir Jacini, que na noite de quinta-feira, após mais um latrocínio, deixou o governo de José Ivo Sartori.
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14 de agosto - nove mortos na Região Metropolitana
Era um domingo, Dia dos Pais. Neste dia, pelo menos nove pessoas foram assassinadas na Região Metropolitana. Dois casos na Capital, separados por apenas 30 minutos, chamaram a atenção e provocaram comoção na cidade.
Às 19h, a médica Graziela Muller Lerias, 32 anos, foi morta a tiros por assaltantes que abordaram ela e a irmã, paradas com o carro em uma sinaleira da Avenida Ceará, no Bairro Navegantes. Ela teria sido baleada quando teve dificuldades ao abrir a porta do carro para entregá-lo aos bandidos. O inquérito foi encerrado com quatro homens indiciados. Após a morte de Graziela, familiares e amigos da médica cobraram do governador Sartori ações efetivas no combate à criminalidade.
Às 19h30min, o porteiro José Luís Godinho do Sacramento, 57 anos, foi morto com um tiro pelas costas quando foi atacado por um criminoso a pé que levou a sua moto na Avenida Taquari, Bairro Cristal. José Luís foi morto ao tentar defender o filho de 13 anos, que teve uma arma apontada contra si pelo bandido. O suspeito, um adolescente, foi apreendido dias depois.
15 de agosto - pelo menos sete pessoas assassinadas na Região Metropolitana
Um dos casos ocorreu às 9h40min, Juliano Maciel Dutra, 28 anos, foi encontrado morto com tiros na cabeça dentro de uma sanga na Vila Augusta, em Viamão. O crime marcava o 15º homicídio em 15 dias do mês na cidade. Somente naquele dia, três homens – um em Porto Alegre e dois em Gravataí – foram mortos por policiais militares em supostos confrontos depois de roubos.
16 de agosto - três pessoas assassinadas na Região Metropolitana
Uma das vítimas foi Andréia Rodrigues Inácia, 33 anos, morta com diversos disparos de pistola 9mm quando chegava em casa com o companheiro, às 21h30min, na Avenida Irmão Faustino João, Bairro Mario Quintana. O caso é investigado pela 5ª DHPP como uma execução, ainda sem autoria determinada.
17 de agosto - quatro pessoas mortas na Região Metropolitana
Às 13h, Jean Silva de Souza, 18 anos, e outro jovem ainda não identificado foram encontrados mortos a tiros à beira da Estrada Francisca de Oliveira Veiga, Bairro Belém Novo, na Zona Sul. Eles haviam sido arrancados de uma casa no Bairro Restinga em um crime investigado pela 4ª DHPP como a tomada de um ponto de tráfico por uma quadrilha.
18 a 21 de agosto - seis assassinados na Região Metropolitana
Três dos mortos eram assaltantes que tombaram, entre a noite de quinta e a manhã de sábado, após confronto com policiais militares em São Leopoldo, Canoas e Novo Hamburgo. Em ambos os casos, os criminosos tentavam roubar veículos.
22 de agosto - dois mortos em Porto Alegre
Uma das vítimas foi Ânderson Urman Fogaço, 34 anos, encontrado morto a pauladas na Rua Dois de Fevereiro, Bairro Passo das Pedras, por volta das 23h30min. Ele não tinha antecedentes criminais.
23 de agosto - seis vítimas de homicídios violentos
Às 6h15min, Pâmela Vasconcelos Corrêa, 18 anos, Karina Santos Marques, 23 anos, e Adriana Machado Cruz, 22 anos, foram encontradas mortas a tiros na Rua General Osório, Bairro Jardim Porto Alegre, em Alvorada. Elas foram arrancadas de uma casa no Loteamento Timbaúva, Bairro Mario Quintana, na Zona Norte da Capital, para serem executadas lá. A motivação do crime ainda é apurada pela 5ª DHPP.
Às 9h, no Bairro Mario Quintana, os corpos de Osvaldo Jesus Soares da Silva, 31 anos, e Josiane Ribeiro César, 15 anos, foram encontrados mortos com tiros na cabeça, mãos e pés amarrados, dentro do porta-malas de um carro roubado. A exemplo das jovens vítimas de chacina, eles também foram arrancados de uma casa no Loteamento Timbaúva, provavelmente durante a madrugada, para serem mortos. A 5ª DHPP investiga uma possível relação entre os crimes.
24 de agosto - oito assassinados na Região Metropolitana
Às 15h30min, Fabiano Lemos Magagnin, o Alemão Dinho, 37 anos, foi executado com pelo menos dez tiros na entrada do Hospital São Lucas, em Porto Alegre. Um homem ficou ferido pelos estilhaços dos tiros entre as pessoas que circulavam pelo local. Dinho era apontado pela polícia como um dos integrantes originais da facção dos Bala na Cara. A polícia aguarda perícias de dois carros abandonados pelos executores.
Às 21h30min, Fábio Silva da Fontoura, 39 anos, foi morto com pelo menos seis tiros na Rua Guaramirim, Bairro Igara, em Canoas. Ele era motorista do Uber e seu corpo estava caído ao lado do veículo usado para trabalhar. O crime deu início a uma série de três mortes em Canoas no intervalo de apenas quatro horas.
25 e 26 de agosto - cinco mortos, entre eles, uma mãe que buscava o filho na escola
Dois homens foram decapitados no intervalo de apenas 24 horas. O primeiro, à 1h de quinta, identificado como Romário Moura Jaques, foi encontrado na Estrada Martim Felix Berta, Bairro Mario Quintana, Zona Norte. O segundo, identificado como Marcos Daniel dos Santos Alves, 20 anos, pouco antes da 1h de sexta, na Rua Ursa Maior, Bairro Cristal, teve o corpo abandonado no local, enrolado em cobertores e plásticos. Durante a manhã, a cabeça foi achada nas proximidades. Os dois casos ainda são investigados.
Às 17h30min de quinta-feira, Cristine Fonseca Fagundes, 44 anos, foi baleada na cabeça ao ser atacada por assaltantes enquanto esperava a saída do filho na escola, na Rua Ari Marinho, Bairro Higienópolis. A polícia prendeu um suspeito e foram decretadas as prisões de outros dois. O crime foi a gota d'água e resultou na queda do secretário de Segurança, Wantuir Jacini. No dia seguinte, o governador José Ivo Sartori viajou a Brasília para solicitar apoio da Força Nacional para combater a criminalidade no Estado.