Polícia



Morte na Pasc

MP quer novas investigações sobre agentes penitenciários no Caso Teréu

Um grupo de cinco promotores trabalha no caso, considerado de crime organizado

14/07/2015 - 07h10min

Atualizada em: 14/07/2015 - 07h10min


Reprodução / Polícia Civil
Teréu

As investigações sobre o assassinato do traficante Cristiano Souza da Fonseca, o Teréu, 32 anos, ocorrido na Pasc, no dia 7 de maio ainda não se esgotaram.

Um mês e meio após o recebimento do inquérito policial elaborado pela DP de Charqueadas, o Ministério Público Estadual (MPE) ainda considera inconsistentes as apurações sobre uma possível participação de agentes penitenciários no crime. Por isso, novas diligências foram solicitadas à Polícia Civil.

No inquérito, o delegado Rodrigo Machado dos Reis indiciou nove presos por homicídio doloso (com intenção) triplamente qualificado e dois agentes penitenciários por homicídio culposo (sem intenção), por considerar que houve negligência de parte deles, pois estavam na sala de controle e, por distração, não teriam visto nos monitores as imagens de um grupo de presos atacando Teréu.

Para o MPE, porém, essa situação não está bem esclarecida.

- Nos parece que não foram só os apenados os responsáveis pelo crime. Não conseguimos juntar todas as provas  necessárias. Queremos deixar a denúncia mais consistente - explicou um dos cinco promotores que estão atuando no caso e que mantêm suas identidades sob sigilo.

VÍDEO: Execução de traficante é comemorada com foguetório em condomínio de Porto Alegre

De acordo com o promotor, restam muitas dúvidas sobre falhas na segurança da Pasc, escancaradas com a morte de Teréu.

- Tem muitas coisas estranhas que estão acontecendo e que estão sendo tratadas como normais pela Susepe (Superintendência dos Serviços Penitenciários). Tem muita pergunta não respondida ou cujas respostas não foram convincentes o suficiente - explica.

Os noves apenados indiciados foram denunciados pelo Ministério Público, que aguarda pelo resultado das novas diligências para definir como proceder em relação aos agentes penitenciários.

O delegado de Charqueadas, Rodrigo Machado dos Reis, que conduziu o inquérito, disse que ainda não recebeu pedido formal para novas investigações.  

Crime organizado

O trabalho conjunto do Ministério Público - cinco promotores atuando no caso - é explicado pelo fato de a morte do traficante envolver organizações criminosas. A força tarefa é uma das medidas de segurança adotadas. Outra é a não identificação dos representantes do MPE envolvidos na ação.


- O MP está centrando esforços na apuração deste crime porque toda a organização criminosa começa a se fortalecer dentro dos presídios. Matar um rival deste porte dentro de uma Pasc é uma ação que pode levar ao surgimento de grupos com a força dos existentes em outros Estados. Agora, matam uns aos outros. Depois começam a matar pessoas na rua e autoridades - explica o promotor.

Morto no almoço

Cristiano Souza da Fonseca, o Teréu, foi morto durante o almoço no refeitório da Pasc, em Charqueadas, no dia 7 de maio. Ele foi atacado por um grupo de presos, entre os quais Ubirajara da Silva Barbosa, o Bira, e Gabriel Souza dos Santos, conhecido como Maradona. Três imobilizam o traficante pelo pescoço e o jogaram no chão, onde Teréu foi sufocado. A ação durou dez minutos e 30 segundos.


Cinco dos nove apenados envolvidos - incluindo Bira e Maradona - foram transferidos para o Presídio Federal de Porto Velho (RO). Teréu é apontado como mandante da execução do traficante Alexandre Goulart Madeira, o Xandi, em Tramandaí no início deste ano. No entanto, ele estava não estava preso por esse crime, mas sim por porte ilegal de munição.

Traficante é morto em tiroteio próximo à praia em Tramandaí

Constatações e questionamentos do MP

- A agente responsável pelo monitoramento é nova na profissão e estava na Pasc havia apenas três dias.

- Quem faz as escalas?

- Na sala de monitoramento, são três tevês de 32 polegadas, cada uma com 12 quadrinhos. A imagem do refeitório, onde ocorria o crime, estava bem no meio da tela.

- Mesmo a ação tendo durado dez minutos, a agente responsável pelo monitoramento e um colega que entrou na sala não teriam percebido.

- A vítima foi arrastada quando começa a ação. Parece que os apenados percebem que tem um ponto cego, não captado pelas câmeras.

- Havia duas câmeras no fundo do refeitório. Uma delas nem estava funcionando. Por que não foi colocada uma câmera de cada lado de forma que não houvesse um ponto cego?

- Havia um mezanino, de onde seria possível a visualização do refeitório. Mas não tinha um agente ali. Alegaram que é problema de falta de efetivo. Mas, na Pasc, os presos ficam em celas individuais. Só há contato entre eles no pátio ou no refeitório. Nesses locais têm que ter vigilância sempre.


Teréu (de branco e em pé) momentos antes de ser morto
Foto: Reprodução


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