Polícia



Jovem agredido até a morte

Polícia investiga áudios de suposta comemoração de crime em Charqueadas

Município amanheceu perplexo e triste neste domingo, devido ao assassinato de estudante

02/08/2015 - 14h28min

Atualizada em: 02/08/2015 - 14h28min


Divulgação / Arquivo pessoal
Ronei iria se formar no final do ano

O município de Charqueadas (na Região Metropolitana, a 57km da Capital), amanheceu triste e perplexo neste domingo. Muitas pessoas trocaram os tradicionais passeios e as rodas de chimarrão, apesar do belo dia de sol, pelo velório do jovem Ronei Wilson Jurkiftz Júnior, 17 anos.

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O adolescente, que cursava o último ano na Escola Técnica Cenecista Carolino Euzebio Nunes, naquela cidade, foi morto a chutes, socos e garrafadas, na madrugada de sábado, ao final de uma festa que ele e colegas haviam organizado para angariar fundos para a formatura, no final do ano. O crime teria sido cometido na frente de seu pai, que foi buscá-lo no evento e também teria sido agredido.

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Desde o sábado, circulam pelo WhatsApp áudios em que supostamente um dos agressores narra o crime a amigos. A polícia local ainda não confirmou a veracidade dos áudios ou se realmente eles têm relação com a morte de Ronei. 
   
A festa foi no clube Tiradentes, no Centro de Charqueadas. De acordo com testemunhas, durante a noitm, um grupo de jovens teria tentado entrar sem pagar e foi barrado por um dos colegas de Ronei, que controlava a portaria. Inconformados, os barrados teriam ameaçado o estudante.

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Ao final do evento, já prevendo problemas, Ronei teria ligado para o seu pai, um empresário, pedindo que fosse buscá-los (ele e o colega ameaçado). Conforme os relatos, os dois estudantes já entravam no carro quando foram puxados para fora pelos agressores. A partir daí, o empresário e os dois jovens foram cruelmente agredidos.

Ronei foi o que mais sofreu, não resistindo aos ferimentos, apesar de ter sido levado a um hospital. O pai também teve de receber atendimento médico.

O delegado de Charqueadas, Rodrigo Machado dos Reis, convocou todas as equipes da delegacia para um mutirão na tarde deste domingo, para ouvir testemunhas e solucionar o caso com a maior rapidez possível, uma vez que há previsão de paralisação para esta segunda-feira, devido ao parcelamento dos salários.   

Clima de medo e tristeza

O crime foi o assunto predominante na cidade durante o final de semana. No velório, até mesmo pessoas que não conheciam Ronei foram prestar solidariedade a amigos e à família. Bastante abalados, familiares pouco falaram. Um tio do rapaz assassinado limitou-se a informar que o pai do jovem sofreu lesões, mas, fisicamente, não era motivo de preocupação.

O prefeito de Charqueadas, Davi Souza, anunciou que pretende convidar o delegado e o comandante do batalhão da Brigada Militar que atende o município para uma reunião nesta segunda-feira. De acordo com ele, uma caminhada "pela paz", deverá ser realizada durante a semana.

A jornalista Patrícia Ferreira da Silva, moradora do município, afirma que o aumento da criminalidade está deixando a população preocupada.

- A violência está cada vez maior e não estamos vendo reação. Proporcionalmente, Charqueadas é o município com maior número de presídios e penitenciárias da América Latina, mas, mesmo assim, aqui fora a cidade parece à mercê dos bandidos - disse.      

Gravações

Dois áudios circulam pelo whatsApp, como supostamente tendo sido gravados em uma conversa na qual um dos participantes das agressões descreve o fato para amigos. Na transcrição abaixo, os nomes citados foram trocados por três pontos.   

Primeiro áudio
"Um carros assim com uma garrafa de vodka e os caras pisando no cara..."
Paralelamente, outro diz: "Eu vi voando garrafas".
"Eu com uma garrafinha de Heineken no bolso e quando vê chegou não sei era o ... não, não era o ..., era o ... ou o ... E o velho desceu assim: 'qualé que é'. Eu olhei pro velho assim 'qualé que é o que, (palavrão)?' Quando vê vem os guris... Era o... ou o ..., meu. Deram uma voadeira no velho, dei uma garrafada na cabeça dele, plau. Quando dei a garrafada no cara, os guris tudo começaram a bocar meu. Os guris tudo, plau plau.

Segundo áudio
"Assim, eu olhei para o louco assim, 'não viaja meu'. Eu dei duas garrafadas com a garrafa quebrada na cabela dele e comecei a fincar a garrafa nele, tá ligado? ô, e ele, atrás, assim, meu, (imitando voz de choro) 'não viaja, meu'. E quando vê, comecei a chutar ele assim, ó (outro ri). Quando vê, do nada vem outro louco do meu lado, assim, acho que era o ..., e começou a chutar também, plau, plau. E quando vê os guris tudo dando garrafada, dando garrafada.
Outro pergunta: "pegou as garrafas nele?"
"Bah, pegou várias garrafadas, meu. E ele, 'não viaja'. Ô, eu finquei a garrafa na cara dele. A garrafa quebrada, finquei na cara dele. Ele: 'não viaja, meu'. Eu fincando e dando chute, quando vê, os guris tudo, plau plau. Quando vê, eu, bah, vamos largar que vai dar os homens. Larguei pra trás assim e saí para (inaudível) e tinha um litrão de ceva. Assim, peguei, ô, um baita de um carro, meu. Peguei o litrão assim, vou dá-lhe, uopi. Joguei assim, bateu em cima, pau pau, e os guris tudo... O meu, imagina o carro. Bah, os guris, o ..., o ..., pisoteando o carro e dando várias garrafadas."
  


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