Polícia



Abordagem policial

Três PMs indiciados por morte de jovem no Morro Santa Tereza

Caso ocorreu em setembro e gerou revolta da comunidade. Dois ônibus e uma lotação foram incendiados

19/01/2016 - 15h10min

Atualizada em: 19/01/2016 - 15h10min


Divulgação / Reprodução
Ronaldo Lima morreu durante uma abordagem de PMs

O Inquérito Policial Militar (IPM) que apurou a morte do jovem Ronaldo Lima, 18 anos, no dia 3 de setembro do ano passado, no Bairro Santa Tereza, na Zona Sul de Porto Alegre, foi concluído com o indiciamento de três PMs.

O anúncio foi feito pelo tenente-coronel Kleber Rodrigues Goulart, comandante do
1º BPM, a quem coube a decisão.

- Com as provas coletadas, entendemos que há indícios de crime - resumiu o oficial. 

O tenente-coronel não revelou o nome dos três PMs, nem detalhou por quais crimes cada um  foi indiciado. 

Os autos do IPM serão remetidos à Justiça Militar e, posteriormente, ao Ministério Público, a quem caberá decidir se os três PMs serão denunciados. Se isso ocorrer e a denúncia for aceita pela Justiça, os policiais se tornarão réus em processo de homicídio. 

A morte de Ronaldo ocorreu no início da manhã daquele dia e acabou provocando uma grande revolta de moradores do local. A Brigada Militar realizava um patrulhamento de rotina na região conhecida como Buraco Quente. Na Rua Dona Maria, se depararam com um suspeito.

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Na versão apresentada pelos PMs, Ronaldo estaria armado com um revólver calibre 38 e teria atirado contra os policiais. Ação, essa, que teria motivado a contrapartida dos agentes - que atiraram e mataram o suspeito.

Testemunhas afirmaram, porém, que apenas um disparo foi ouvido. Familiares de Ronaldo disseram que ele estava voltando de uma festa no Centro:

- O meu irmão já tinha se rendido. Ele ergueu as mãos e eles atiraram. E depois não nos deixaram socorrer. Foi tiro pelas costas.

Revolta

Com a morte de Ronaldo nas circunstâncias descritas por testemunhas, a população local se revoltou. Inicialmente, havia três policiais no local. Devido às ameaças dos populares, os agentes solicitaram reforço. Mais cinco policiais chegaram e ficaram cercados pelos moradores da vila.


Situação ficou tensa
Foto: Ronaldo Bernardi

Chegaram, então, agentes do Batalhão de Operações Especiais (BOE), do Pelotão de Operações Especiais (POE), do 1º e 9º BPMs, num total de 50 PMs. Até um helicóptero foi utilizado na ação. O corpo foi recolhido do local sem que a perícia inicial fosse possível, em virtude da confusão.


Lotação foi incendiada
Foto: Tiago Bitencourt

Três horas depois, homens encapuzados incendiaram dois ônibus e um lotação. Os ataques ocorreram numa distância de em torno de 300m um do outro. Ninguém ficou ferido.

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