Crime e ciúme
Argentina é libertada após passar quatro anos em cárcere privado no RJ
Mulher de 37 anos contou que o marido a fazia urinar e defecar dentro de um pote
Uma casa humilde na cidade de Vassouras, sul do Rio de Janeiro, acobertou durante quatro anos uma história de horror: uma argentina de 37 anos foi mantida em cárcere privado pelo marido, brasileiro que conheceu há 16 anos em seu país de origem e com quem veio morar no Brasil.
Para urinar e defecar, Blanca Isabel Figueiroa deveria recorrer a um pote. Foi o ciúme, revelou Blanca ao G1, que fez o químico industrial Márcio Luiz Naves Ribeiro, 38 anos, mantê-la em cativeiro durante tanto tempo. Embora gritasse e pedisse socorro, foi libertada somente na última terça-feira, quando a filha de 13 anos recorreu à Polícia Militar.
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Irmã de outras duas crianças, a adolescente assistia ao pai enfocar a mãe quando pediu ajuda. O delegado José Soares dos Santos acredita que os filhos eram ameaçados pelo pai e, por isso, mantiveram silêncio sobre o crime.
– As crianças me defendiam quando ele me agredia. As crianças gritavam – contou Blanca.
A situação dos menores está sendo acompanhada pelo Conselho Tutelar de Vassouras.
Machucada e abalada ao ser encontrada, Blanca foi levada ao Hospital Universitário Sul Fluminense. De acordo com a PM, ela era estuprada e espancada pelo marido, que agora está detido.
Ao jornal O Globo, os vizinhos descreveram Márcio como um homem calado e de fisionomia fechada, do tipo "galo de briga". A porta da casa onde vivia a família estava sempre trancada. Para sair, as crianças precisavam pular o muro.
A 95ª Delegacia de Polícia do RJ registrou o caso e Márcio responderá pelo crime de cárcere privado, tortura e estupro.
O Consulado da Argentina no Brasil manifestou solidariedade à Blanca e comunicou que oferecerá assistência caso ela queira retornar ao país de origem.
– Eu quero voltar, sim, para a minha terra – confessou a mulher.