Encare a crise
Pagar à vista ou parcelar: quando cada opção é melhor para o bolso
Juro médio do crediário no Rio Grande do Sul tem chegado a 5,25% ao mês, fazendo com que uma compra financiada quase dobre em um ano
Tempos de crédito farto e parcelamento a perder de vista ficaram para trás. O aumento da taxa básica de juros (Selic) - uma tentativa do governo de segurar a inflação - tem impactado diretamente no custo das parcelas no comércio. O juro médio do crediário em lojas do Rio Grande do Sul chega a 5,25% ao mês (84,3% ao ano), conforme a pesquisa mais recente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac) - ou seja, uma dívida adquirida quase dobra após um ano.
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O "preço da parcela" é maior em lojas menores, que não contam com financeiras próprias e precisam tomar dinheiro de bancos. Algumas grandes redes ainda conseguem manter taxa zero em cartões ou no boleto, mas em todos os outros casos o parcelamento precisa ser avaliado sob a ótica da matemática.
- A escolha entre parcelar ou pagar à vista depende de cada caso. Se o juro fica ao redor de 1,5% ao mês, por exemplo, o parcelamento pode ser uma boa escolha, pois a compra é antecipada sem mexer na conta de imediato - analisa o consultor financeiro Marcelo Ferzola, da MFF Consultoria.
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Juro superior a este índice pode trazer um impacto grande na parcela, explica o consultor. Em alguns casos, pode valer mais a pena sacar o dinheiro da poupança ou outro investimento para fazer uma grande compra, como geladeira ou um armário, por exemplo. Isso porque investimentos na renda fixa não renderiam na mesma proporção do juro - ou seja, estaria-se ganhando dinheiro de um lado, mas perdendo mais no outro.
A opção de pagar parcelado ou à vista também passa pelo planejamento pessoal: o consumidor deve saber exatamente quanto ainda pode assumir de parcela, ou qual a perspectiva de renda para os meses seguintes.
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Apesar da alta nos juros (que, em tese, dá aos comerciantes a mesma margem nas compras à vista ou a prazo), parte dos lojistas tem sido mais flexíveis para descontos nas compras à vista, em razão da queda nas vendas. Mas isso não é regra: para boa parte dos vendedores, receber à vista ou em carnê ou no cartão dá na mesma, pois o banco repassa o valor no final do mês.
Vilson Noer, presidente da Associação Gaúcha para Desenvolvimento do Varejo (AGV), afirma que o pagamento à vista é uma forma de o consumidor barganhar preços no comércio.
- Com dinheiro na mão, é possível obter descontos de 5% a 15% no comércio - afirma Noer.
O repórter Erik Farina produzirá as matérias da série Encare a Crise.