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Após restrição no atendimento da emergência do Clínicas, Saúde reclama que não foi chamada para dialogar

Setor da instituição impõe limite de atendimentos. Secretaria Municipal da Saúde critica decisão.

02/12/2016 - 19h34min

Atualizada em: 02/12/2016 - 19h43min


Roberta Schuler
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Na manhã desta sexta-feira, havia 91 pacientes adultos na emergência, que estava fechada

Nesta semana, mais um hospital da Capital optou por fixar limite de pacientes na emergência, com o objetivo de garantir a segurança e a qualidade do atendimento. Desde quinta-feira, dia 1º de dezembro, quando a emergência do Hospital de Clínicas alcança 80 pessoas, é acionado o plano de contingência, com fechamento da unidade. A capacidade do setor é de 41 leitos.

Há uma margem de segurança – dez pacientes além dos 80 – , para receber casos trazidos pelo Samu e outras situações de risco iminente (transplados no Clínicas, pacientes oncológicos em quimioterapia ou com sintomas agudos que representem risco), sem ultrapassar cem pessoas internadas. A reabertura depende da redução do número de pacientes, por alta ou transferência.

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Hospitais como Conceição e Santa Casa adotam a medida.

– Fizemos um mapeamento ao longo do ano passado e vimos que estávamos convivendo com cenário acima de 120 pacientes, com picos de 200 pacientes, para uma capacidade operacional de 41 leitos adultos. Estávamos com o triplo ou o quádruplo da capacidade instalada – explica o gerente operacional da emergência adulto do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, José Pedro Prates Júnior.

Espaço

A decisão de limitar o número de pacientes foi comunicada por meio de ofício à Secretaria Municipal de Saúde (SMS), aos conselhos de medicina e ao Ministério Público. O plano é avaliado a cada seis ou 12 horas, para definir pela reabertura da emergência ou manutenção do fechamento, de acordo com o número de pacientes – e é feita a comunicação à SMS.

Na manhã desta sexta-feira, havia 91 pacientes adultos na emergência, que estava fechada. O que se via era um ambiente bastante diferente daquele que a reportagem do Diário Gaúcho retratou em julho deste ano, quando havia 141 pacientes no local. Nesta sexta, havia espaço razoável para circular entre os leitos.

Pacientes como agente funerário e músico Gilberto Lima, 65 anos, do Bairro Santo Antônio, na Capital, elogiaram a mudança.

– Melhorou bastante. Já tenho ficha na casa desde 2011 e o atendimento sempre foi bom. O acesso ficou mais fácil com a diminuição do número de pacientes – disse Gilberto, que tratava um problema renal.

A aposentada Maria Loreci Ferraz, 56 anos, concordou:

– Ano passado estava mais cheio. Agora está melhor para se mexer, tem mais espaço – comentou a moradora de Viamão, que é paciente do hospital desde 2010 e trata um câncer no pulmão.

Em nota, a SMS informou que recebeu "com surpresa" a decisão. Veja o comunicado completo:

"A SMS informa que recebeu com surpresa a decisão do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) de restringir o número de atendimentos de sua emergência, principalmente por se tratar de um serviço ligado ao SUS e contratualizado com o município. Trata-se de uma decisão unilateral do HCPA e, em nenhum momento, a SMS foi chamada recentemente para dialogar sobre esta decisão. Este tipo de atitude só prejudica a população que necessita de atendimento de urgência e emergência.
A falta de recursos financeiros impossibilita a ampliação do número de leitos de emergência. Com vistas a reduzir a procura pelas portas de emergência, a SMS está melhorando seus processos para que o tempo de internação diminuam, bem como qualificando a Atenção Básica para redução da necessidade de internação."

Outros hospitais já adotam o plano de contingência

Desde novembro de 2015, o Hospital Conceição adotou o plano de contingência. Sempre que a emergência alcança 118 pacientes em atendimento – a capacidade é de 64 leitos adultos –, a emergência passa a aceitar apenas casos graves.

Na emergência SUS adulto da Santa Casa, a capacidade é de 12 leitos e, quando alcança o limite de 30, não é mais possível receber pacientes. No Hospital São Lucas da Puc, é considerada situação de superlotação com mais de oito pacientes graves ou quando o ProntoSus (tem 13 leitos de internação) estiver com 30 ou mais pacientes internados. Aí, será realizada restrição de atendimentos para classificação de risco vermelha, na qual são atendidos apenas pacientes encaminhados pelo Samu ou com risco iminente de morte.

Hospital da Restinga e Extremo-Sul

Já a emergência do Hospital Restinga e Extremo-Sul está sempre aberta. Os pacientes são acolhidos e classificados de acordo com o risco. Há 25 leitos à disposição. Na sexta-feira à tarde, todos os leitos adultos estavam ocupados, mas não havia restrições no atendimento.

Prioridade para casos graves e complexos

– Para nós, profissionais de saúde, é impressionante o efeito positivo dessa medida. Vínhamos num processo de esgotamento, com profissionais doentes. Num ambiente mais saudável, a qualidade do atendimento melhora muito – afirma o gerente do Clínicas, José Pedro.

Ele destaca que, com essa medida, o Clínicas retoma sua vocação que é atender pacientes graves e complexos.

– O baixo risco tem que ser atendido pela rede básica e pelos pronto-atendimentos – observa.



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