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"Nós, que fumamos maconha, não queremos financiar o tráfico", diz Cazé Peçanha

Em entrevista ao programa "Timeline", da Rádio Gaúcha, nesta segunda-feira, ex-VJ da MTV comentou sua participação na marcha que pediu a descriminalização

25/05/2015 - 14h21min

Atualizada em: 25/05/2015 - 14h21min


Tiago Boff
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O programa Timeline, da Rádio Gaúcha, falou, nesta segunda-feira, sobre a Marcha da Maconha, realizada no último sábado na Avenida Paulista, no Centro de São Paulo. O entrevistado foi um defensor da descriminalização do uso e plantio da droga, o apresentador Cazé Peçanha, ex-VJ da MTV, que hoje comanda Os Incríveis, no canal Nat Geo, e A Liga, na Band. As informações são da Rádio Gaúcha.

- Participei da primeira parte da marcha. Semelhante ao apitaço, feito no Rio de Janeiro, nós sentamos no chão e fomos convidados a fumar um cigarro de maconha - disse.

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Ele relembrou que as bebidas alcoólicas têm sua produção supervisionada e que, sem regulação, não há controle das substâncias misturadas à erva. Também defendeu que se libere o plantio próprio em casa, para que não seja necessária a procura por traficantes:

- Acaba-se ingerindo substâncias muito piores do que a própria droga. Buscamos liberar o plantio. A maioria das pessoas não chegou a esse patamar, pois isso também é considerado tráfico. São pessoas que trabalham, que contribuem e pagam seus impostos. Nós, que somos consumidores da maconha, somos jogados nessa situação. Eu não quero financiar o tráfico, mas fui colocado em uma situação em que, para consumir, eu não posso comprar em uma farmácia. O Estado me colocou nessa situação. É desconfortável, não gosto disso.

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A criminalização das drogas leva para a cadeia apenas "pretos, pardos ou pobres", na visão de Cazé. Em 2014, A Liga fez uma reportagem em um presídio na Paraíba, onde tiveram que assinar um termo se responsabilizando pelo que poderia acontecer dentro do complexo penitenciário. Ele relatou o que encontrou:

- Tinha 200 pessoas para um vaso sanitário. Se calcular, são cerca de 10 pessoas por hora para apenas um vaso. É um absurdo.

O jornalista disse que há, no Brasil, uma "drogofobia".

- Pessoas são discriminadas, sofrem preconceitos e são perseguidas pela substância que usam. Quem bebe cerveja ou vinho não é chamado de usuário. E quem toma remédio tarja preta também não é discriminado. Eu fumo maconha, sou pai de família, faço um trabalho que aborda temas sociais. Por que eu sou perseguido? - questiona.

Cazé também defendeu a desmilitarização da polícia, "uma herança da ditadura", segundo ele.

Ouça a entrevista completa com o apresentador:

*Rádio Gaúcha


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