Destino incerto
Tem puxadinho e TV a cabo em invasão na Zona Norte da Capital
Loteamento irregular avança na Avenida Baltazar de Oliveira Garcia. Justiça já concedeu três mandados de reintegração de posse, mas desocupação não ocorreu
A estrutura é de condomínio fechado, com ruas internas, armazém na porta de casa e antena parabólica no telhado. Mas a situação é irregular e o destino dos invasores, incerto. Ocupada há três meses por cerca de 250 famílias, a área entre a Avenida Baltazar de Oliveira Garcia e a Rua Dr. Paulo Smania, no Bairro Rubem Berta, na Zona Norte da Capital, segue recebendo melhorias em sua infraestrutura.
Retroescavadeira trabalha sem parar
Ontem, uma retroescavadeira trabalhava na abertura de outra rua no terreno. Ali, água e luz são clandestinas, mas casebres de madeira de uma peça têm sinal de tevê a cabo. Outros já têm até puxadinho. Um dos invasores, que não quis se identificar, construiu a casa, mas continua morando de aluguel em Alvorada.
- Ainda não me mudei porque não sei como vai ficar, mas de vez em quando durmo aqui. Tenho de dar uma olhada - afirmou.
Os ocupantes alegam que o terreno aparece como área pública no registro de imóveis, mas a Vara Cível do Foro Regional Alto Petrópolis concedeu este mês o terceiro mandado de reintegração de posse à Valdir de Oliveira Silveira que, para a Justiça, é o único proprietário.
Após a primeira decisão judicial, o comandante do 20ºBPM, tenente-coronel Jéferson de Barros Jaques, mobilizou 200 PMs para fazer a desocupação no dia 30 de agosto, mas a operação acabou suspensa pela Justiça. O comandante não foi comunicado do terceiro mandado:
- Tenho que receber a citação para remarcar todo o procedimento de novo.
Cuthab mediará solução
Integrante da Comissão de Urbanização, Transporte e Habitação (Cuthab) da Câmara Municipal e vereador mais votado da última eleição, Pedro Ruas (PSol) foi procurado por representantes das famílias para intermediar uma solução pacífica para o caso. Na terça-feira, a invasão na Baltazar pautará uma reunião pública com a presença da prefeitura, dos invasores, da Justiça e do proprietário da área.
- Despejo é desumano sempre. Há dúvidas sobre a propriedade do terreno. Um documento oficial diz que, no século 19, aquela era uma área pública da União e do município. Não sei se existe título de propriedade posterior a esta data - justifica o parlamentar.