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Tragédia em Santa Maria

Produto é inadequado para ambiente fechado, diz especialista

Sergio Cavalli, 59 anos, anima festas com fogos há mais de 15 anos

27/01/2013 - 19h48min

Atualizada em: 27/01/2013 - 19h48min



A tragédia

O incêndio na boate Kiss, no centro de Santa Maria, começou entre 2h e 3h da madrugada de domingo, quando a banda Gurizada Fandangueira, uma das atrações da noite, teria usado efeitos pirotécnicos durante a apresentação. O fogo teria iniciado na espuma do isolamento acústico, no teto da casa noturna.

Sem conseguir sair do estabelcimento, mais de 200 jovens morreram e outros 100 ficaram feridos. Sobreviventes dizem que seguranças pediram comanda para liberar a saída, e portas teriam sido bloqueadas por alguns minutos por funcionários.

 A tragédia, que teve repercussão internacional, é considera a maior da história do Rio Grande do Sul e o maior número de mortos nos útimos 50 anos no Brasil.

Veja onde aconteceu


A boate

Localizada na Rua Andradas, no centro da cidade da Região Central, a boate Kiss costumava sediar festas e shows para o público universitário da região. A casa noturna é distribuída em três ambientes - além da área principal, onde ficava o palco, tinha uma pista de dança e uma área vip. De acordo com o comando da Brigada Militar, a danceteria estava com o plano de prevenção de incêndios vencido desde agosto de 2012. 

Clique na imagem abaixo para ver a boate antes e depois do incêndio A festa

Chamada de "Agromerados", a festa voltada para estudantes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) começou às 23h de sábado. O evento era de acadêmicos dos cursos de Agronomia, Medicina Veterinária, Tecnologia de Alimentos, Zootecnia, Tecnologia em Agronegócio e Pedagogia. Segundo informações do site da casa noturna, os ingressos custavam R$ 15 e as atrações eram as bandas "Gurizadas Fandangueira", "Pimenta e seus Comparsas", além dos DJs Bolinha, Sandro Cidade e Juliano Paim.




Acompanhe as últimas informações

- Esse produto que usaram é exclusivamente para uso externo. Deveria jamais, em hipótese alguma, ser usado em ambiente fechado. A chance de uma tragédia é muito grande.

A frase acima é do especialista em shows pirotécnicos Sergio Cavalli, 59 anos e há mais de 15 animando festas com fogos. Pelas imagens da tevê, ele não tem dúvida de que, na Boate Kiss, o que deu origem ao incêndio é um artifício chamado Sputnik, que simula um raio.

- Além de queimar qualquer coisa de papel, plástico e até cabelos, o Sputnik solta uma fumaça tóxica. Para ambiente interno, o mais adequado é o Gerb indoor, que não queima sequer papel higiênico e tem a chama iniciada por um processo eletrônico - continuou Sergio, comerciante de produtos para festa em Caxias do Sul.

Segundo o especialista, não há controle de vendas e até menores de idade podem comprar o produto. Porém, para ele, por questão de ética é necessário que o vendedor explique o funcionamento. Mas o preço é um atrativo para o cliente optar pelo Sputnik. Segundo ele, uma caixa com seis peças custa em torno de R$ 10, enquanto o Gerb indoor custa aproximadamente R$ 50 cada pequena torre - em ambos, o efeito de raio dura entre 15 e 20 segundos por peça.

- Um cliente me procurou e queria fotos para uma formatura. Expliquei como os dois produtos funcionavam, e ele insistiu que queria o Sputnik mesmo para ambiente fechado. Não vendi. Estou no ramo para fazer festa, e não provocar tragédias. Qualquer um que vende esse tipo de material tem obrigação de explicar o funcionamento a quem vai usar - afirmou.

De acordo com Sergio, o Gerb é importado dos Estados Unidos e, no Brasil, há produtos semelhantes:

- São mais baratos, mas já testamos alguns e não gostamos do resultado, pois de acordo com a mudança de temperatura, mostraram que podem começar incêndios.

Até a tarde deste domingo, a polícia não havia encontrado a peça que deu origem ao incêndio na boate santa-mariense.

 
Imagem: Arte ZH


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