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Empregos ficam escassos por conta da crise da areia

Veto à extração de areia do Rio Jacuí obriga transportadoras e distribuidoras do insumo a dar férias coletivas. Em Esteio, areeiros já estão desempregados

06/06/2013 - 07h38min

Atualizada em: 06/06/2013 - 07h38min


Estoques estão raspados em Porto Alegre

O medo de perder o emprego mobilizou areeiros da Capital e da Região Metropolitana. Ontem, eles fizeram um protesto no Cais do Porto e seguiram em caminhada até o Teatro Dante Barone, na Assembleia Legislativa, para participar de um encontro com deputados da Comissão de Saúde e Meio Ambiente. Representantes do setor também foram até o Palácio Piratini, pedir uma solução para a crise da areia. Saíram sem nada concreto.

Em maio, a Justiça Federal determinou a proibição temporária da extração de areia no Rio Jacuí. As três mineradoras atingidas pela medida fornecem 95% do insumo para construtoras da Capital.

Trabalhadores estão parados

Há cerca de três semanas, dragas, caminhões e marinheiros estão parados. A falta do insumo no mercado, que já afeta obras dos corredores de ônibus da Capital para a Copa de 2014, começa agora a tirar o sono - e o emprego - dos trabalhadores.

Até 600 homens a perigo

Com estoques raspados, distribuidores de areia começam a dar férias coletivas e a demitir funcionários. O presidente do Sindicato dos Depósitos, Distribuidores e Comércio de Areia do Rio Grande do Sul (Sindareia), Laércio Thadeu Silva, afirma que o veto pode causar cerca de 600 demissões na Capital, Região Metropolitana e Vale do Taquari. Segundo Laércio, o metro cúbico da areia passou de R$ 37,50, em média, na Capital, para R$ 70 e até R$ 100.

- As férias são uma uma solução emergencial diante da dificuldade, mas o quadro é preocupante porque podem ocorrer demissões em massa - alerta Laércio.

Na Capital, estoque para duas caçambas

Em um depósito na Rua Voluntários da Pátria, no Bairro Marcílio Dias, encontramos apenas o zelador Valdomiro Zanchet, 58 anos. No terreno que costuma ter de seis a sete mil metros cúbicos de areia, em média, havia dois cômoros de dez metros cúbicos cada um, insumo para encher somente duas caçambas. Eles estão com três caminhões, uma draga e uma retroescavadeira parados.

Em Esteio, férias e demissões

A Transporte, Comércio e Navegação Sant'ana, de Esteio, demitiu dois funcionários em maio, outro ontem e deu férias coletivas a seis marinheiros.

- Estamos há 38 anos no mercado e nunca vi situação igual. Estamos sem produção desde o dia 15 de maio - revelou um dos sócios, Luiz Fraga.

Os marinheiros Paulo Sérgio Pereira, 40 anos, e Fabiano Araújo Medeiros, 31 anos, estão apreensivos.

- Trabalho desde os 14 anos no setor. A nossa casa é a draga, dia e noite estamos ali, mas a situação está difícil - afirmou Paulo.

Redução da folha não é descartada

Na Argamassa Guaporé, no Bairro Navegantes, três funcionários entraram em férias coletivas na semana passada. Da frota de 19 caminhões, seis não saem do lugar há vários dias. Segundo a assistente administrativa da empresa, Elisete Dias, as próximas semanas serão decisivas para definir se haverá ou não redução na folha:

- Se continuar a restrição, a gente não vai ter outra opção.


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