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Sem areia, BRTs vivem dias de ciclovias em Porto Alegre

Falta de funcionários também prejudica as obras de terraplenagem e concretagem, que estão paradas há uma semana

20/06/2013 - 07h20min

Atualizada em: 20/06/2013 - 07h20min


Cena surreal: ciclista em faixa de ônibus

Enquanto a crise da areia segue instalada, as obras de terraplenagem e concretagem dos novos corredores de ônibus das avenidas Protásio Alves e Bento Gonçalves, em Porto Alegre, continuam paralisadas há uma semana. A falta de funcionários para dar sequência às reformas leva pedestres e ciclistas a usarem a pista.

Uma questão de preferência

No concreto inacabado da Protásio, próximo à Rua Dona Leonor, no Bairro Santa Cecília, o bancário aposentado José Dantas, 74 anos, tem aproveitado o trecho para circular de bicicleta.

- Como todo o trânsito está espremido na avenida, o melhor lugar para andar é aqui (no corredor). Mas preferia que a obra não tivesse parado - comentou.

Assim como o novo corredor, José também acabou sofrendo as consequências da falta de insumo numa reforma que fazia no sítio da família, em Viamão. Há duas semanas, os pedreiros aguardam a chegada de mais areia.

Atraso sentido nas paradas

- Fui em várias madeireiras e não encontrei. Só achei areia lavada, que não é boa para acabamentos. Este atraso para tomarem uma decisão prejudica todo mundo - disse José.

Do lado de fora do corredor parado, quem sofre são os usuários de ônibus. A doméstica Lurdes Costa, 55 anos, trabalha no Bairro Santa Cecília e tem enfrentado dificuldades para voltar para casa, no Bairro Maringá, em Alvorada.

- Desde o início das obras, o ônibus tem atrasado quase meia hora para vir do Centro até a Avenida Protásio Alves. Atrasam a obra e quem paga é o trabalhador - reclamou Lurdes.

Hoje é dia de mais uma reunião

Está programada para hoje uma nova reunião entre governo do Estado, Ministério Público Estadual (MPE) e Ministério Público Federal (MPF) na Fepam. No encontro, o Estado mostrará como funciona o processo de monitoramento e fiscalização da retirada da areia. A tentativa é de demover a Justiça Federal em sua restrição à extração.

De acordo com o diretor administrativo e financeiro do Sindicato da Indústria da Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplenagem em Geral no Estado (Sicepot), Nilto Scapin, as obras precisaram ser paralisadas porque os fornecedores estão trabalhando com menos da metade da areia captada.

O insumo está vindo de Cristal, na Região Sul, de Rio Pardo, no Vale do Rio Pardo, e de regiões mais distantes.

- Antes, os fornecedores trabalhavam com 100m³ de areia por dia. Agora, não passa de 25m³ diários. Isso acabou aumentando a procura e, principalmente, o preço, de R$ 35 para R$ 70 - afirmou Nilto.

Entenda o caso

Em 15 de maio, por liminar da Justiça Federal, foi suspensa a mineração no Rio Jacuí. A Justiça entende que há danos ambientais causados por anos de exploração sem planejamento e fiscalização.

Três empresas, responsáveis por 95% do mercado na Região Metropolitana e 60% do Estado, ficaram impedidas de trabalhar.

No fim de maio, o mercado sentiu a falta do produto.

A terraplenagem e a concretagem de obras que já estavam em andamento, como os corredores de ônibus e a elevada da rodoviária da Capital, estão paralisadas.

O Ministério Público Federal sugere ao Estado o aumento do número de fiscais e a necessidade de zoneamento ecológico do Rio Jacuí.

O Estado já mostrou projeto de monitoramento por satélite, para flagar dragas em situação irregular.


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