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Após ter a moto roubado, barista da Zona Sul faz rifa para quitar a dívida do veículo

Um mês depois de comprar em 48 prestações uma Fan 125 azul, rapaz teve veículo levado por assaltantes

21/08/2013 - 08h01min

Atualizada em: 21/08/2013 - 08h01min


Ipad2 é a saída para Henrique

Aos 25 anos, Henrique Pires Olino juntou economias e comprou seu primeiro veículo, uma moto. Deixou a loja com a Fan 125 azul, placa ITU-1545, e 48 prestações de R$ 230 para pagar. Um mês depois, passeava com o irmão, parou em uma praça na Zona Sul da Capital e... a alegria deu lugar ao drama.

- A gente estava na Wenceslau Escobar (avenida), em frente a uma lanchonete, eram umas 20h. Dois moleques, que não tinham nem 20 anos, apareceram, um deles armado. Levaram a moto, carteira, celular, tudo. Ainda lembro da moto indo embora - relata Henrique.

O crime ocorreu em janeiro. Desde então, Henrique pagou algumas prestações. Tentou algum tipo de redução com a financeira, mas não conseguiu.

- Como tinha dado uma grana de entrada, então teria de esperar uns três meses para investir em seguro e em alarme. É o que eu ia fazer, mas não deu tempo - lamenta.

Barista na padaria Bassani (Wenceslau Escobar, 2013, Bairro Tristeza), o jovem passou alguns meses depressivo. Então, para tentar se livrar da dívida, apostou em outra: comprou um Ipad2 (aparelho eletrônico) para rifá-lo e, assim, quitar a moto - à vista, o valor é de R$ 5,8 mil.

Ele conta com colegas de trabalho e amigos, mas sabe que não será fácil vender os 500 números a R$ 15 para pagar o aparelho e o veículo - com zero de lucro.

- Estou divulgando como posso. Depois, quero comprar outra moto, mas nem tiro ela da loja sem seguro e alarme - lembrou o barista.

Para ajudar

A rifa é vendida na Avenida Wenceslau Escobar, 2013. São dois números por R$ 15. O sorteio é da Caixa Econômica Federal, em outubro. Informações: 8612-2933.

Números são alarmantes

Henrique está longe de ser uma vítima isolada. Pelos números da Polícia Civil, em média são 16 motos roubadas no Estado. Metade dos casos, na Capital - e outros quatro em cidades da Região Metropolitana. Os dados são do ano passado. Este ano,
a Delegacia de Furto e Roubo de Veículos ainda não cruzou os dados.

As motos de até 150cc são as mais visadas. Como correspondem a cerca de 90% da frota nacional, são mais fáceis para negociar peças com desmanches, clonar ou usar
em assaltos.

Ajuda dos profissionais

Presidente do Sindicato dos Motoboys (Sindimoto), Valter Ferreira tem certeza de que Henrique é apenas mais um com o problema:

- Se fizer um chamado para reunir quem está pagando o carnê sem ter a moto porque foi roubado, tranca a Ipiranga (avenida). Tem muita gente, pode acreditar.

Apesar de Henrique não ser profissional da categoria, o Sindimoto se prontificou a vender, em sua sede, as rifas do barista.

- É uma boa medida que esse rapaz está fazendo, já vi outras vítimas realizarem eventos para tentar minimizar o prejuízo. Espero que dê certo, embora nem sempre dê - avisa.

Valter lembra outra modalidade de roubo da qual sua categoria tem sido vítima: sequestro de veículo. Criminosos levam a moto, conseguem o celular do dono e pedem um valor em dinheiro para entregá-la.

- Quando atacam entregadores, geralmente é para isso. As motos furtadas é que acabam indo para desmanche - avalia Valter.

Dicas

- Jamais estacione em locais escuros. Tente encontrar um estacionamento, o dinheiro é bem investido.
- Se tiver de estacionar, por exemplo, para atender ao telefone, opte por locais movimentados e privados, como postos.
- Mesmo que o veículo fique em garagem com portão, coloque trava e invista em alarme. - Fique ainda mais em alerta se perceber duas pessoas numa moto. Evidentemente, ladrões atacam em dupla.


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