Novela na Capital
Estudantes da rede pública de Porto Alegre recebem uniformes curtos
No início do ano, demorou a chegar. Agora, quase no fim do inverno, tem aluno sem o traje oficial, em função dos tamanhos
O segundo semestre letivo já começou na rede municipal, mas ainda há estudantes sem a opção de ir à escola vestindo o uniforme prometido pela prefeitura em fevereiro. Embora o setor administrativo da Secretaria Municipal da Educação (Smed) informe que as 96 instituições já receberam os kits, em algumas escolas a entrega foi parcial. Os mais prejudicados foram os alunos maiores.
Na Escola Municipal Governador Ildo Meneghetti, no Bairro Rubem Berta, por exemplo, instituição que em maio estava na lista das nove escolas que ainda não tinham recebido as peças, 14 turmas do terceiro ciclo do ensino fundamental (alunos dos 12 aos 14 anos) estão à espera do uniforme.
- Falta a numeração grande. Mas já chegou abrigo, calça, casaco, meia. Os alunos do primeiro e do segundo ciclo receberam. Falta o terceiro. Estamos aguardando - afirmou a vice-diretora Ana Cristina Brandão.
Incompatíveis com peso e altura
Na Escola Heitor Villa Lobos, na Lomba do Pinheiro, a situação é semelhante: os tamanhos das roupas eram incompatíveis com a estatura e peso dos alunos maiores e, por isso, as peças não serviram. Também ficaram faltando alguns pares de tênis. Já os estudantes menores foram atendidos.
Medição foi feita em 2011
A preocupação é que o ano letivo encerre sem que todos os estudantes sejam contemplados.
- No segundo semestre de 2011, foi feita a medição dos alunos. Num intervalo de quase dois anos, era esperado que ocorresse essa defasagem de tamanho - revelou o vice-diretor Pedro Fernando Duarte de Oliveira.
O Diário Gaúcho consultou, ainda, as escolas Victor Issler, São Pedro e Décio Martins Costa, que estão com os uniformes completos. Na João Antônio Satte e na Morro da Cruz, os uniformes de inverno e verão foram recebidos, mas ainda faltam alguns números maiores.
A escola Dolores Alcaraz Caldas recebeu a remessa de inverno e verão e agora está fazendo ajustes de tamanho. Já a direção da Vereador Carlos Pessoa de Brum disse não estar autorizada a falar sobre o tema.
Uso maior é da turma menor
Como o uso do uniforme não é obrigatório, a adesão ainda é parcial. De acordo com a direção de nove escolas consultadas, são os alunos de menos idade os que mais estão vestindo o uniforme escolar.
Vice-diretora da Escola Dolores Alcaraz Caldas, Evelise Romero Costa revela a satisfação do alunado.
- É muito legal ver os alunos usando, eles ficaram muito contentes com o uniforme - comenta a educadora da instituição que fica na Restinga.
Novo lote? Depois do frio...
Segundo a Smed, os kits entregues aos alunos das últimas séries do ensino fundamental tinham uma confecção pequena e não serviram nos estudantes maiores - embora a secretaria garanta que foram tomadas as medidas dos estudantes antes da produção das peças, ainda na metade do ano passado.
Neste momento, a secretaria está intermediando o remanejo de peças entre as escolas para suprir as faltas. As peças pequenas que sobrarem serão destinadas aos alunos que estudam em turno integral.
Também foi feita a solicitação de um novo lote tamanho G (com camiseta manga curta, manga longa e jaqueta) para contemplar os que faltam. A previsão é que esse lote chegue entre 45 e 50 dias. Provavelmente, neste prazo, o frio já terá deixado a Capital.
Histórico de atrasos
- Na abertura do ano letivo, em 27 de fevereiro, a Smed anunciou que entregaria 45 mil kits de uniformes para alunos das 96 escolas. O contrato envolveu R$ 6,7 milhões. Trinta dias depois, somente oito colégios tinham recebido. Os pares de tênis estavam faltando.
- A empresa Capricórnio alegou que o pedido foi feito 15 dias antes do início da aulas, fato desmentido pela Smed.
- Depois de dois meses de aula, 23 escolas ainda estavam aguardando a entrega. Em outras, que haviam recebido, o problema era outro: faltavam as roupas de inverno, justamente às vésperas da entrada da estação.