Com DNA gaudério
Paixão pela lida campeira é passada de pai para os filhos e herdeiros
O Diário Gaúcho conta duas histórias de orgulho gaudério neste 20 de Setembro
Não é só o amor por Grêmio e Inter que o gaúcho passa de geração em geração. Pais que cultivam a história fazem questão de fortalecer a paixão pela lida campeira para filhos e herdeiros. Neste 20 de Setembro, o Diário conta duas histórias de orgulho gaudério.
Ensinamentos no lombo da égua
É no lombo de uma égua, emprestada de um piquete, que o pequeno Bernardo da Cunha, sete anos, aprende sobre os ritos e os símbolos farroupilhas contados pelos pais. Para o casal de chaveiros Nei de Souza Barbosa, 27 anos, e Ana Paula Müller da Cunha, 29 anos, é importante que o filho cresça sabendo tudo sobre a cultura e os costumes.
- É nossa maior finalidade, passar o que sabemos para ele. Tem gente que vai aos piquetes e não sabe rachar uma lenha - diz Nei.
Nesta época, a família de Viamão acampa com ponchos, cuias e panelas de ferro no Piquete Alma Castelhana.
E o futuro peão montou
O galpão fica perto da Fazendinha, área destinada às provas campeiras no Harmonia. Ontem, repetiram uma cena que só acontece quando os pais e o filho têm a chance de montar.
- Faz carinho nela e não bate com os pés, filho - ensinava Nei.
Ele também se socorre da música regionalista para falar sobre as coisas do pago.
- Explico o que é um cavalo amarrado, uma espora - disse o pai, orgulhoso.
Duas fãs de baile e campo
Foi na chácara da família Maia, em Gravataí, que Sandra, 19 anos, e Rafaela, nove, aprenderam a montar nos cavalos domados pelo pai. Gurias como elas, que se dedicam desde cedo à lida no campo, não têm medo de bicho chucro, apanham frutas nas árvores e gostam de rodeios, bailes e acampamentos.
Por isto que elas estão bem à vontade na foto com Luís César Mais, 48 anos, num ambiente que reproduz a vida no meio rural, com galpões de madeira, fogo de chão e chaleira com água quente para o mate.
Cada uma no seu estilo
Ao lado do pai, no Piquete Pantanal, no Harmonia, Sandra e Rafaela posam como se estivessem em casa.
- Para nós, é um hobby. Não importa o preço, a gente larga a chácara e vem. A menor já participa de provas de rédea e de laço - revelou o pai, que é mecânico.
Nos 32 hectares, cada filha tem o seu animal. Sandra monta o cavalo Cinturão e Rafaela anda na égua petiça Natalina. E cada uma delas veste a tradição no seu estilo: Sandra opta pelo vestido, enquanto Rafaela prefere usar bombacha e boina.
- Gosto de andar à gaúcha, ir nos bailes e dançar chamamé (gênero musical de origem argentina) - explicou Sandra.