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Espera difícil

Farmácia de Medicamentos Especiais do Estado testa mudança no atendimento

Falta de assentos e calor intenso marcam primeiro dia de utilização do espaço aberto para eliminar formação de filas na rua

24/01/2014 - 05h31min

Atualizada em: 24/01/2014 - 05h31min


Aguardando a vez para retirar os remédios, o contador Clóvis Sessegolo decidiu sentar no corredor

Às 11h40min desta quinta-feira, após aguardar 1h20min na nova e abafada sala de espera da Farmácia de Medicamentos Especiais do Estado, a enfermeira Maiandra Vargas, 28 anos, não sabia o que acabaria primeiro: sua paciência ou as pedras de gelo dentro de uma caixinha de isopor.

Os cubinhos para acondicionar os remédios do marido transplantado derretiam à medida que o calor aumentava.

- Preciso levar os remédios aqui dentro, mas até me chamarem acho que terá derretido tudo - lamentou a enfermeira.

Esta quinta-feira foi o primeiro dia do espaço aberto para eliminar a formação de filas na rua. Em vez de aguardar em pé na calçada da Rua Riachuelo, usuários esperavam a vez sentados numa sala no primeiro andar de um prédio ao lado da farmácia. Grupos de cinco e 10 pessoas eram chamados quando liberava espaço na farmácia, no térreo. Mas a solução virou problema.

Das 120 cadeiras previstas, havia 70 no começo da manhã. A falta de assentos e o calor no interior na sala obrigaram as pessoas a optar pelo corredor. Muitos esperaram em pé, outros, como o contador Clóvis Mousquer Sessegolo, 63 anos, preferiram sentar no chão.

- Fiquei duas horas sentado e agora vou esperar mais um tempo aqui embaixo - disse, referindo-se à segunda etapa do processo para a retirada dos remédios.

O bebedouro no corredor não funcionava, e apenas uma bombona de água estava à disposição. Para piorar a situação, os dois aparelhos de ar-condicionado não conseguiram amenizar a temperatura no ambiente, e uma falha no sistema retardou o atendimento. Acostumada a longas esperas na calçada da Riachuelo, a dona de casa Virgínia Prytolu, 58 anos, veio preparada. Trouxe uma cadeira de praia e aguardou na área em frente aos elevadores.

- Para mim, nem faz mais diferença estar lá embaixo ou aqui em cima. Há seis anos enfrento isto porque preciso da medicação - lembrou, resignada.

Assessora jurídica da Secretaria da Saúde do Estado responsável pelas mudanças na farmácia, Simone Pacheco do Amaral afirmou que, nos próximos dias, será feita uma avaliação para adoção de mudanças para melhorar o atendimento. Ontem, mesmo com a presença de quatro novas farmacêuticas, a espera nos dois ambientes (na sala e na farmácia) era de 1h30min, em média. A partir da próxima segunda-feira, o horário de atendimento passará a ser das 8h às 18h, sem fechar ao meio-dia.

- A proposta não é esconder as pessoas, mas tentar fazer um ajuste. Uma das alternativas é deixar, aqui em cima, apenas a triagem e a abertura de processos e, lá embaixo, a retirada de medicamentos - explicou Simone.

Não há previsão para a transferência da sede da Farmácia de Medicamentos Especiais do Estado para o novo prédio, localizado na Avenida João Pessoa, 71, bairro Cidade Baixa. A área onde funcionava o antigo Banrisul será totalmente reformada. A nova sede terá um total de cem cadeiras de espera e 12 guichês (hoje são apenas seis guichês).

O Estado aguarda liberação da Smov para iniciar a obra. Assim que a autorização for concedida, a empresa responsável pela obra terá 120 dias para concluí-la.

O presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), Paulo Argollo Mendes, pediu providências ontem ao procurador-geral de Justiça do Estado, Eduardo de Lima Veiga. Ele apresentou duas propostas de resolução dos problemas recorrentes no acesso e retirada de medicamentos na farmácia.

No começo da semana, filas sob sol forte voltaram, agravadas pela falta de vários itens. Argollo sugere que o Ministério Público firme um Termo de Ajustamento de Conduta com o Estado para garantir prazos e medidas efetivas para resolver as carências. Uma das ações é assegurar a data para a transferência das instalações, já prometida pelo governo.


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