Apoiada por Geisy Arruda
Jovem é impedida de usar o Trensurb por estar com "roupa inadequada"
Heliana Thiesen, de 19 anos, foi barrada na Estação Rodoviária durante o Carnaval por estar de calça legging e top de renda
A jovem Heliana Thiesen, de 19 anos, causou uma grande polêmica ao ser impedida de usar o Trensurb devido a roupa que vestia. A moradora de Estância Velha tentou entrar no trem na Estação Rodoviária, no Centro de Porto Alegre, mas um funcionário da empresa não permitiu, porque ela estava com uma calça legging e um top de renda.
De acordo com o portal Ego, Heliana saía da casa do namorado após ter aproveitado a segunda-feira de Carnaval (16 de fevereiro), e ia para a casa da mãe, em Novo Hamburgo. Ela chegou a comprar o bilhete, mas no momento de passar pela catraca que dá acesso aos vagões, foi barrada com a explicação de que estava "trajando roupas íntimas".
- Ele falou que eu não poderia entrar de forma alguma porque embora fosse carnaval não era traje adequado pra entrar no transporte público. Ele disse que eu estava usando um sutiã e eu falei: "Mas isso não é uma roupa íntima, é um top que uso sempre". Mas ele falou que se eu não trocasse, não entraria - contou.
Ainda de acordo com o Ego, a jovem ligou para o namorado, chorando, e ele foi ao local com a polícia e veículos de imprensa. No entanto, os funcionários do Trensurb não cederam.
Heliana ligando para o namorado - Foto: Miassuki Vargas/Divulgação
- O cara virou para o meu namorado e falou: "Já falei com ela. Se ela trocar de roupa, embarca, do contrário, não". Eles apontaram o dedo para o meu namorado, criaram uma confusão - disse Heliana.
Surpreendentemente, no mesmo dia, horas depois da confusão, um outro funcionário da empresa se desculpou e deixou ela embarcar no trem.
- O primeiro funcionário sumiu e o segundo disse que não tinha problema eu embarcar - relatou.
Nova polêmica
A jovem resolveu fazer um teste e, no dia seguinte, tentou pegar o trem com a mesma roupa. O resultado? Ela foi novamente barrada.
- Neste dia um terceiro funcionário me barrou de novo e disse que se eu quisesse a Trensurb me daria uma camiseta. Eu disse a ele que desconhecia que tinha que ter uma camiseta para entrar no trem - contou ao Ego, e ainda afirmou que prestou queixa na delegacia de Estância Velha.
Heliane é dançarina e trabalha como tequileira em festas de aniversário. Agora, os advogados da jovem pensam em processar a Trensurb. O Diário Gaúcho contatou a assessoria de imprensa da empresa, que preferiu não se manifestar sobre o assunto.
- Estou tentando mostrar que não é a questão de entrar de top ou sutiã, a questão é o preconceito. Eu chamo a atenção, tenho o porte grande. Não estava aparecendo nada demais. Embora a roupa fosse provocante, não desrespeitava ninguém. Se eu colocar uma bermuda e outra menina menor, mais magrinha, colocar a mesma bermuda tem bastante diferença. As pessoas sempre olham com maldade - protestou.
Apoiada por Geisy Arruda
Ela recebeu o apoio de Geisy, que em 2009 foi hostilizada por colegas e expulsa da Uniban, em São Bernardo do Campo, por utilizar um vestido rosa curto.
- Acredito que independe de que origem é discriminação. Chegaram a comparar o que aconteceu com ela e comigo. Não sei se é parecido. Sei que não tem lei que me proíba de usar a roupa que me faça bem. Tem gente que acha que a roupa que uma pessoa usa dá o direito de molestar esta pessoa, mas não dá. A Geisy me falou que usaria o top. Talvez não pra pegar o trem, mas usaria. O que vale ressaltar é que eu estava pulando Carnaval - desabafou Heliane.
Ao Ego, a dançarina contou que a repercussão foi grande e que quer trazer à tona a discussão sobre o preconceito:
- Nunca imaginei passar por isso! Fiquei muito nervosa, bastante chocada. Chorei porque você chega a um ponto que não sabe mais o que pensar, embora você tenha apoio é muita gente apontando o dedo. Tem gente que fala que é para aparecer, mas as pessoas não me conhecem. As pessoas apontam, comentam, perguntam. Algumas para criticar, outras para elogiar. Quero que as pessoas tirem uma lição disso tudo. A discussão em questão não é o top, é o preconceito.
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