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Antônio Carlos Macedo: crime hediondo para corruptos tem base legal

Colunista do Diário Gaúcho detona os políticos que transformam os cofres públicos em extensão dos seus bolsos

28/03/2015 - 06h41min

Atualizada em: 28/03/2015 - 06h41min


Na semana passada, ao analisar o pacote anticorrupção do governo Dilma, defendi que os corruptos respondam por crime de homicídio. Por atentado praticado contra a vida das milhares de pessoas que morrem por falta de remédio, médico, saneamento e segurança, serviços que poderiam ser melhor atendidos se os governos contassem com a dinheirama roubada pelos cretinos que transformam os cofres públicos em extensão dos seus bolsos.

Antônio Carlos Macedo: corrupção deveria ser considerado crime contra a vida

Como leigo em Direito, expressei a ideia sem a convicção de haver base jurídica capaz de sustentá-la. Por trás da manifestação, acima de tudo, estava o sentimento de indignação contra os cafajestes que se locupletam com o dinheiro do povo. Imediatamente, muitos leitores e ouvintes se associaram à proposta. Todos movidos também pela revolta decorrente dos bilhões de reais drenados pelo ralo da corrupção. Não estamos sós. Nesta sexta-feira, ao ler a transcrição de uma entrevista da jornalista Miriam Leitão com o procurador federal Deltan Dallagnol, coordenador no Ministério Público Federal da histórica Operação Lava-Jato, soube que ele também defende que o desvio do dinheiro público seja enquadrado como crime contra a vida.

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Fortalecer instituições

"O nosso parâmetro para lidar com a corrupção deve ser o crime de homicídio. Quem rouba milhões, mata milhões", avalia Dallagnol. Ele acrescenta que o Brasil não pode perder a chance de fortalecer as instituições a partir do delito de corrupção, que ele considera hediondo: "Quando a gente fala que a corrupção é um crime hediondo, é que ela rouba a comida, o remédio e a escola do brasileiro", justifica.

Com apenas 33 anos, Dallagnol pertence à nova geração de promotores e juízes movidos pela busca da transparência e da probidade nas instituições e agentes públicos brasileiros. No comando do maior escândalo do país, que atingiu em cheio a Petrobras, ele aposta em exemplos como o de Hong Kong, que passou a ser um dos 17 lugares mais transparentes do mundo após uma série de medidas anticorrupção. Que Dallagnol e seus companheiros sejam bem-sucedidos na missão de meter na cadeia e recuperar os bilhões roubados da principal estatal brasileira. O povo brasileiro, desde já, agradece por tanto empenho e destemor.

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