Sugestão via WhatsApp
Mais de um mês depois do início das aulas, ainda faltam professores
O problema acontece na rede estadual de ensino
Quarenta dias após o início do ano letivo na rede estadual, 200 dos 800 alunos da Escola Estadual Professor Edgar Luiz Schneider, no Bairro Intercap, na Capital, sequer abriram os cadernos.
A falta de quatro professores do Currículo por Atividade - um do segundo ano, outro do terceiro e dois do quinto ano -, tem mantido alunos como Gabriel de Almeida Pinto, dez anos, distantes da escola. O garoto está no quinto ano do ensino fundamental, e a falta de perspectivas tem tirado o sossego da mãe dele, Patrícia Fontoura de Almeida, 36 anos.
- Meu filho está desanimado, de saco cheio de ficar em casa. Comprei todo o material escolar e agora ele fica o dia todo ocioso, só jogando no computador - conta a dona de casa, que vive no Jardim Carvalho.
No primeiro dia de aula, em 26 de fevereiro, Gabriel voltou chateado para casa por não poder estar na escola, chegou a chorar por conta da frustração. Patrícia achava que o problema seria resolvido em uma semana, mas estava enganada. Como a falta de professores atinge alunos das séries iniciais do ensino fundamental, que têm apenas um professor em sala de aula, não houve a possibilidade de os estudantes serem atendidos.
- Eu fico triste porque gosto de estudar. Faz um tempão que eu não vejo os meus colegas _ diz o estudante, que há três anos convive com os mesmos colegas.
Preocupação com a qualidade do ensino
Além do contato com a direção da escola em busca de notícias, a dona de casa já procurou pela Secretaria Estadual da Educação (Seduc). Como retorno, soube apenas que os professores que ocuparão as vagas estão passando por exames médicos.
- A diretora me disse que, no ano passado, chegou a dar aulas para uma turma durante seis meses. Mas agora ela não tem como lecionar para quatro turmas - observa a mãe.
Além do temor pela falta de ânimo que poderá ocorrer com Gabriel, que adora a disciplina de Matemática, Patrícia preocupa-se com o calendário de recuperação e com a qualidade do ensino oferecido.
- A recuperação não vai ter a mesma qualidade, será tudo muito corrido. Eu não posso ficar com um filho dentro de casa por tanto tempo. A secretaria precisa dar uma posição. Ou mandam professor para a escola dele, ou que me consigam duas vagas em outra escola (para Gabriel e a irmã, que está na sexta série) - salienta a dona de casa.
Um professor já chegou
A titular do setor de Recursos Humanos da 1ª Coordenadoria Regional de Educação (Cre), Maria Luiza de Moraes reconhece que a situação é difícil na Escola Edgar Schneider e afirma que é uma das prioridades da coordenadoria.
Ela informa que o pedido de professores chegou à secretaria no dia 9 de março. Segundo Maria Luiza, a partir de então iniciou o processo para chamada de professores concursados (há um banco de professores do Currículo por Atividade). Enquanto os docentes providenciam a documentação e exames médicos - o processo pode levar até um mês porque o concursado só pode entrar legalmente nos quadros do Estado após perícia médica -, a coordenadoria realiza estudos de quadro entre as escolas da rede a fim de localizar professores que possam suprir a demanda. O que chegar primeiro é encaminhado à escola.
Ontem, uma das quatro vagas foi preenchida por um docente da Escola Estadual Miguel Tostes. As outras três, segundo Maria Luiza, devem ser ocupadas até o final desta semana. Também está prevista a visita de um membro do setor pedagógico da 1ª Cre à escola para tratar do caso. Em relação à recuperação dos dias perdidos, Maria Luiza esclarece que é elaborado um calendário alternativo, com aulas nos sábados e nas férias.
Ontem pela manhã, na área da 1ª Cre (que responde pela Capital), faltavam 20 professores em sala de aula em Porto Alegre. Maria Luiza ressalta que este quadro é volátil, está sempre se modificando conforme as demandas chegam pelas escolas e são solucionadas.
Total de faltas não está definido
De acordo com a Seduc, em todo Estado foram feitas 540 nomeações de concursados e 370 contratos temporários (em áreas nas quais não havia mais banco de concursados), totalizando 910 novos professores.
Todos já foram chamados, mas houve algumas desistências nas nomeações e, por isso, ainda estão ocorrendo nomeações em substituição aos que foram chamados mas não quiseram assumir a vaga (cerca de 30 pessoas).
A Seduc explica que ainda não há um novo número de falta de professores, pois o período de ajuste das matrículas encerrou recentemente, no dia 31 de março.
Problema também em outras escolas
O Diário Gaúcho tem recebido diversas reclamações de falta de professores em escolas de Porto Alegre e Região Metropolitana e foi atrás delas para saber como está a situação. Várias receberam professores na semana passada. Ainda faltam mestres nestas:
Capital
- Colégio Estadual Cândido José de Godoi, Bairro Navegantes: falta professor de Física (ensino médio).
- Escola Estadual Ensino Fundamental Ildefonso Gomes, Bairro Azenha: faltam professores de História e de Geografia para o sexto, sétimo e oitavo anos do ensino fundamental.
- Escola Estadual Ensino Médio Alberto Torres, Bairro Vila Nova: no ensino médio, falta professor de espanhol.
- Escola Estadual Educação Básica Fernando Gomes, Bairro Jardim do Salso: falta professor para o quinto ano, professor de Geografia para o Ensino Fundamental e professores de Filosofia e Química para todo ensino médio.
- Escola Estadual Ensino Fundamental José Garibaldi, Bairro Parque Humaitá: está sem professor de Matemática para o sexto, sétimo e oitavo anos.
- Colégio Estadual Japão, Bairro Jardim Itu Sabará: falta professora para a pré-escola e professor de Geografia para alguns períodos.
Alvorada
- Instituto Estadual Nossa Senhora do Carmo, Bairro Vila Formosa: falta professor de Português para o sétimo ano e de Física e Química para o ensino médio.
Viamão
- Escola Estadual Ensino Médio Santa Isabel, Bairro Santa Isabel: faltam professores de Espanhol, Matemática, Literatura, Sociologia e Filosofia.
Se a sua escola está com falta de professores ou com problemas estruturais, avise o Diário Gaúcho. Mande e-mail para lis.aline@diarigoaucho.com.br, ligue para 3218-1654 ou envie um WhatsApp para 9731-4654.