Opinião
Antônio Carlos Macedo: os supersalários da Câmara de Vereadores de Porto Alegre
Colunista fala sobre os salários imcompatíveis com a realidade econômica do país
A divulgação dos vencimentos pagos pelo setor público brasileiro tem escancarado a existência de supersalários incompatíveis com a realidade econômica do país. A lista mais recente, divulgada pela Câmara Municipal de Porto Alegre, revela que alguns servidores ganham quase quatro vezes mais que os próprios vereadores, que estão na base da existência do legislativo municipal, na condição de representantes diretamente eleitos pela sociedade porto-alegrense. Tudo o que gira em torno deles é acessório. Só existe para ajudá-los no desempenho dos mandatos concedidos pelo povo. Logo, não faz sentido que seus assessores recebam bem mais que eles.
A distorção fica ainda mais evidente quando os valores são comparados com a realidade do mercado, que paga salários bem menores para funções semelhantes. Ou seja, esses supersalários, frutos de penduricalhos e outras vantagens acumuladas, só existem no setor público. Não culpo quem os recebe. Não foram eles que fizeram as leis.
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"Trens da alegria"
Culpados são os homens públicos que, ao longo dos anos, não tomaram as providências necessárias para impedir os absurdos hoje revelados. Gente que não apenas se omitiu como, em muitos casos, ainda deu sustentação para "trens da alegria" financiados com dinheiro do contribuinte. Como os beneficiados têm o chamado direito adquirido, não adianta chorar em cima desse leite derramado. Mesmo porque ele continuará indo pelo ralo enquanto existir vínculo das repartições públicas com esses servidores.
Os altos salários, certamente, não são a única causa do arrocho permanente dos cofres públicos. Mas colaboram - e bastante - para o descontrole existente. Diante desse quadro, o que se espera são correções de rota capazes de impedir que os exageros favoreçam outras pessoas no futuro.
Providências serão tomadas? Sinceramente, não acredito. Duvido que governos e políticos tenham força e coragem para enfrentar as corporações que dominam o setor público brasileiro, colocando sempre os seus interesses como prioridade.
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