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Violência contra a mulher

Adolescente morre depois de ser submetida a cirurgia de mutilação genital, no Egito

Proibida no país desde 2008, prática afeta 200 milhões de mulheres em 30 países

31/05/2016 - 12h52min

Atualizada em: 31/05/2016 - 12h54min


Na Mauritânia, país localizado a noroeste do Egito, campanha da Unicef no início do ano pediu o fim da mutilação genital nas mulheres

No último domingo, uma adolescente de 17 anos morreu enquanto passava por uma cirurgia para remover os órgãos genitais num hospital privado da cidade de Suez, no Egito, no norte da África. Mayar Mohamed Mousa faleceu enquanto ainda estava sob efeito da anestesia.

As autoridades locais estão investigando o caso. Antes de a adolescente entrar na cirurgia, sua irmã recém havia passado pelo mesmo procedimento.

– Isso é algo que a lei proibiu – declarou Lotfi Abdel-Samee, subsecretário do Ministério da Saúde do Egito, referindo-se a lei de 2008, que tornou a mutilação genital feminina um crime com punição de dois meses a três anos de prisão.

O hospital onde as meninas passaram por cirurgia foi fechado e os pacientes, transferidos. O gerente da instituição e a mãe da vítima, uma enfermeira, foram interrogados.

Passada de geração a geração, a mutilação genital feminina foi muito praticada em países da África e da Ásia. Ao retirar o clitóris e os lábios da vagina, a mulher fica impedida de sentir prazer sexual. Assim, acredita-se, ela se torna digna de casamento.

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 15 mil comunidades em 20 países declararam ter abandonado a prática, além de cinco países terem aprovado legislação que a criminaliza. A ONU pediu que a mutilação seja totalmente eliminada até o ano de 2030.

A história de uma modelo mutilada aos 5 anos na Somália, no leste da África, ficou popular com o livro Flor do Deserto, lançado em 1998. Nele, Waris Dirie retrata o trauma de ter os órgãos genitais mutilados e conta como fugiu de sua aldeia para evitar o casamento com um homem de 60 anos. Depois de mudar-se para Londres, Waris Dirie tornou-se modelo e ícone da luta contra a mutilação genital feminina. Em 2010, o livro virou filme.

De acordo com a Unicef, 200 milhões de mulheres em 30 países já sofreram mutilação genital. Metade dos casos se concentra em três países: Egito, Etiópia e Indonésia.

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