Seu problema é nosso
Idosa de Gravataí precisa de medicamento que custa entre R$ 6 e R$ 10 mil para tratar câncer raro
Secretaria Estadual da Saúde não deu prazo para reposição do remédio
A felicidade em ver a mãe, Emília da Silva Porto, 71 anos, mais disposta, durou apenas três meses para o comerciante Paulo Ricardo da Silva, 34 anos. No começo do ano, ela ganhou na Justiça o direito a receber do Estado as injeções de Octreotida 30mg, indicadas para combater os sintomas de um câncer raro. No entanto, o tratamento, previsto para durar seis meses precisou ser interrompido na quarta dose, quando a Farmácia de Medicamentos Especiais de Gravataí parou de distribuir o remédio, há cerca de 70 dias.
– Eu e minha irmã vamos praticamente toda a semana na farmácia, mas eles dizem que está em falta porque o laboratório não está fabricando o medicamento – lamenta, Paulo Ricardo.
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Há dois anos, Emília foi diagnosticada com um câncer neuroendócrino na região do intestino, o que, de acordo com os médicos, é tão pequeno que leva de três a cinco anos para ser percebido e ter condições de ser retirado.
No entanto, enquanto cresce, ele ataca outros órgãos. No caso de Emília, a doença se alastrou para o fígado, que está 50% comprometido por nódulos.
Única esperança
Por causa da idade e da diabetes, ela não pode fazer quimioterapia e, por isso, tem no medicamento a única forma de enfrentar melhor a doença.
Paulo Ricardo conta que antes de tomar as injeções, a mãe tinha problemas com intestino preso e muita indisposição.
– Quando ela começou o tratamento, melhorou e ficou mais disposta, pois antes ela só queria dormir. Agora a mãe já está começando a ficar para baixo de novo – entristece-se.
Defensoria
Sem condições de comprar as doses que custam, em média, de R$ 6 a R$ 10 mil cada, aplicadas mensalmente, o filho recorreu novamente à Defensoria Pública para pedir o depósito do valor pelo Estado. Mesmo assim, o pedido não foi aprovado.
– A advogada diz que geralmente leva 15 dias para liberarem o dinheiro, já que é o único medicamento que ameniza os sintomas da doença. Mas já se passaram 60 dias e ela continua sem a medicação – reclama.
Sem remédio, nem previsão
Questionada sobre a situação, a Defensoria Pública do Estado informou que, em maio deste ano emitiu uma liminar pedindo o bloqueio do valor do medicamento para o Estado e o Município. A juíza determinou que o Estado cumpra a liminar, mas não deu urgência ao caso. A Defensoria alega que realizou todas as medidas possíveis.
A Secretaria Estadual da Saúde informou que o estoque do medicamento está zerado, e que há um processo de licitação em andamento. Porém, não informou o prazo de chegada, nem a situação de Emília.