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Leandro foi baleado em tentativa de assalto e aguarda há nove meses por uma cirurgia

Morador de São Leopoldo, Leandro Marcelo Oliveira da Silva precisa operar o fêmur e está internado desde novembro no Hospital Centenário

01/08/2016 - 18h25min

Atualizada em: 01/08/2016 - 18h54min


Em um ano e meio, muita coisa mudou na vida do operador de máquinas Leandro Marcelo Oliveira da Silva, 24 anos. Ele conseguiu um novo emprego, alterou o status de relacionamento, teve um filho. Mas, nesse meio tempo, um episódio de violência deixou o jovem sem o movimento das pernas. Em uma jornada entre idas e vindas no hospital, Leandro está internado desde novembro no Centenário, em São Leopoldo, aguardando por uma cirurgia.

Era uma segunda-feira de fevereiro de 2015 e Leandro retornava de uma janta de comemoração pelo primeiro dia do novo trabalho. Depois de esperar a namorada, atual esposa e mãe do seu filho de sete meses, pegar um ônibus, ele também embarcou em um coletivo. Quando estava na esquina de casa, no Bairro Rio Branco, em São Leopoldo, foi surpreendido por um homem armado que pediu o celular. Ele não quis entregar o aparelho e acabou levando um tiro nas costas, que lhe rendeu uma lesão na coluna vertebral e no fêmur esquerdo devido ao impacto da queda. A bala continua alojada.

– Desci do ônibus na rua lateral de casa, estava com o celular na mão com apenas 3% de bateria. O cara saiu de trás de uma árvore, pediu para que eu não corresse. Eu corri e levei um tiro – relembra.

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O operador de máquinas diz que esteve consciente em todo o momento até o atendimento médico. Ele lembra de ver os familiares preocupados a sua volta quando o encontraram estendido no chão. Levado ao Hospital Centenário, Leandro recebeu os primeiros atendimentos, fez exames e uma cirurgia para a colocação de quatro pinos e um parafuso na coluna. Ficou 22 dias internado e depois recebeu alta.

Sem a sensibilidade dos membros inferiores, só percebeu a lesão na perna esquerda quando o membro infeccionou. Ele reclama da negligência por parte do hospital em não ter identificado o ferimento ainda nos primeiros atendimentos.

– Comecei a ter úlcera no fêmur (ferida exposta). Eu ia para o hospital, ficava dez ou 15 dias, eles limpavam, davam antibiótico e me mandavam embora. Quando consegui internar, eu estava com uma infecção generalizada – conta.

Antes da internação no Centenário, ele consultou no Clínicas, em Porto Alegre, onde soube que o fêmur havia sido quebrado por causa do impacto do corpo no chão quando foi baleado. Segundo ele, desde fevereiro, três liminares judiciais deram a ordem para o Clínicas fazer a operação, mas nenhuma delas foi cumprida.O jovem aguarda ansioso por conseguir ficar perto da família e acompanhar o crescimento do filho. Sem conseguir conter o desespero, Leandro conta o comunicado que recebeu sobre o seu caso:

–Querem amputar a minha perna. Quem me disse foi o advogado do Centenário. Os médicos não me explicam o motivo. O hospital só alega que não tem leito – reclama Leandro.

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Paciente deve ir ao Clínicas para avaliação

O Hospital Centenário informou que Leandro foi internado em novembro por causa de uma infecção, e que a instituição buscou, junto ao Estado, outro hospital que possa realizar a cirurgia. O procedimento é considerado de alta complexidade e o Centenário não é referenciado.

De acordo com o hospital, a família entrou com uma ação judicial contra o Estado e o município, mas o hospital não faz parte do processo. Há cerca de 15 dias, o Tribunal de Justiça expediu ofícios ao Clínicas, São Lucas e Santa Casa, para que disponibilizassem vaga com urgência para a realização do procedimento. No entanto, o Clínicas, que foi o escolhido, não acatou a decisão judicial.

Dia 28, uma nova decisão informou que Leandro deve comparecer nesta terça-feira ao Clínicas para a realização de uma avaliação pela equipe do Serviço de Ortopedia e Traumatologia, a fim de emitir um laudo definitivo para que a Justiça decida quais serão os próximos passos as erem seguidos.

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