Foram necessárias dezenas de ligações e um mês tentando para que a cabeleireira e manicure Maria Eunice Ávila Heyde, 44 anos, conseguisse agendar uma consulta com um médico clínico geral na Unidade Básica de Saúde (UBS) Cohab A, em Gravataí. Ela buscou o serviço de teleagendamento. Em várias tentativas, sequer foi atendida. Quando conseguia falar com algum atendente, não havia mais fichas para o posto de referência dela.

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As filas para a saúde pública não se restringem aos locais físicos de atendimento. No telefone, também há uma ordem de espera. Em uma das ocasiões em que tentou marcar a consulta, depois de quase uma hora na linha, Maria Eunice era a segunda da fila, ou seja, a próxima a ser chamada, mas a ligação caiu sem que ela conseguisse falar com os atendentes.

– Na parte da manhã é quase impossível conseguir atendimento. A linha está sempre congestionada. Aí, quando tu consegues que alguém atenda, não tem mais ficha. E só tem um dia de marcação por semana para cada posto. Quem depende do sistema público passa por um sufoco – comenta Maria Eunice.

Validade de exame

Depois de falar com a coordenadora do sistema de 0800, Maria Eunice conseguiu uma consulta no dia 8 de março. O desespero era justamente por precisar apresentar ao médico o resultado de uma ressonância pela qual ela esperou cinco meses para fazer.

– Dependendo do exame, perde a validade. Aí, quando tu finalmente consegues uma consulta, tem que fazer tudo de novo.

Estou com bursite em um dos ombros e hérnia de disco. Ainda bem que consegui a tempo de receber o diagnóstico para poder buscar o tratamento – diz ela.

Segundo Maria Eunice, o sistema de marcação de consultas via telefone é recente. Ela acredita que a prefeitura ainda não conseguiu organizar bem o processo, mas diz que os cidadãos não podem arcar com as consequências e que só quer seus direitos garantidos.

– Conseguir agendamento pelo 0800 é loteria, vai da sorte da pessoa. Normalmente, quando se consegue ligação, não tem mais ficha. Aí, na semana seguinte, é preciso começar o martírio novamente – desabafa.

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Previsão é de melhorias no serviço

Atualmente, segundo a Secretaria Municipal da Saúde, 23 bairros de Gravataí podem utilizar o serviço de agendamento médico via telefone. A secretaria está desenvolvendo novas ferramentas para melhoria do sistema e pretende ampliá-lo para 100% das UBS.

O projeto está em vigor há seis meses e, diz a prefeitura, "retirou mais de 60% da população das filas nas madrugadas". Segundo o município, 30 mil moradores já foram atendidos por consultas agendadas por telefone. O número de vagas diárias segue o mesmo da agenda presencial.

O teleagendamento

- Para fazer o agendamento por telefone, é preciso ligar para 0800-500-2022, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. Há um dia específico para cada UBS.

Dias de agendamento, conforme UBS

- Segunda-feira
Morada do Vale I (Quinta do Sol, Morada do Vale I e parte da Morada do Vale III) e Vila Branca (Garibaldino e Vila Branca)

- Terça-feira
Cohab A (Cohab A, Nossa Chácara, Monte Belo, São Luiz e Distrito Industrial) e São Geraldo (Barnabé e São Geraldo)

- Quarta-feira
São Judas Tadeu (Central, São Vicente, Parque Florido, Vila Elisa, Vila Rica, Bom Fim, São Judas Tadeu, Bom Princípio, Vila Cruzeiro, Lot. Cruzeiro II e Parque Olinda)

- Quinta e sexta-feira
Dias destinados para atendimento geral, de qualquer um dos bairros da lista.

Quem pode

- Quem tem a partir dos 12 anos e deseja consultar com clínico geral, moradores dos bairros citados.

- O número de consultas liberadas é de 40% para adultos e 60% para idosos (acima dos 60 anos) e pacientes especiais.

Saiba mais

- Quem utiliza o teleagendamento não pode fazer a marcação diretamente no posto. Somente por telefone.

- O tempo para conseguir uma consulta varia de uma semana a um mês, dependendo da agenda de cada médico e variando de uma UBS para outra.

Produção: Shállon Teobaldo