Papo Reto
Manoel Soares faz uma homenagem aos "pai-drastos"
Colunista do DG sugere: ligue para o padrasto dos seus filhos e o deseje um feliz Dia dos Pais.
Como pai, eu tenho o hábito de dizer "meu filho", como se ele fosse só meu. O que aprendi com o tempo é que meu filho é filho de todos que o amam. Dividir a paternidade foi um exercício que precisei aprender.
Como não era casado com a mãe dele, passamos por todos os estágios, até os mais complicados. O último foi quando meu filho ganhou um novo pai.
O companheiro da mãe dele é um cara legal, que zela e cuida dele como pai. Seria injusto se meu filho não o visse como tal. Fiquei com ciúme, acho que é natural.
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Eu viajo muito, cerca de três Estados por semana. Sou um pai responsável, mas não sou fisicamente presente. Se meu filho tem uma presença paterna, meu amor por ele não poderia forçar a barra para estragar isso.
Amor e egoísmo são vizinhos próximos. Doeu, mas, ao superar isso, o resultado foi maravilhoso. Afinal, muitos filhos de pais separados só têm um par de olhos sobre eles: o da mãe. O meu tem quatro pares de olhos, porque ele tem dois pais e duas mães que o amam da mesma forma.
Sempre serei o pai dele, mas minha função é dividida com esse parceiro que hoje é meu amigo, porque se alguém ama nosso filho podemos chamar de amigo. A rivalidade entre pais só machuca a criança, mas exige de nós muita maturidade para passar por cima das criancices de adulto para ver isso.
Recomendo aos pais que estão lendo esse texto que liguem para o padrasto dos seus filhos e deem um feliz Dia dos Pais, isso também é ser pai de verdade.