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Mundo da Gurizada

Questão de espaço: é hora da criança dormir no próprio quarto

 Confira ainda a história de uma mãe de Viamão que está enfrentando esse desafio

13/10/2017 - 08h00min

Atualizada em: 13/10/2017 - 08h00min


Cristiane Bazilio
Cristiane Bazilio
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Tadeu Vilani / Agencia RBS
Lívia e Alice deram uma folga para a mãe, Ana Paula

Ter um bebê ou uma criança pequena no seu quarto e dormir sentindo aquele cheirinho que só eles têm é uma delícia. Disso, ninguém duvida. Mas estender essa fase por muito tempo tende a trazer prejuízos não só para os pais, que perdem a privacidade, mas especialmente para o desenvolvimento da criança, que se torna lento e tardio. É preciso criar coragem para fazê-los dormir no seu próprio quartinho o quanto antes.  A tarefa não é fácil, mas a recompensa é uma criança mais segura e independente, garante a professora do curso de Psicologia da Feevale Lisiane de Oliveira Menegotto, que dá dicas de como tornar essa experiência menos traumática. Confira ainda a história de uma mãe de Viamão que está enfrentando esse desafio. 

"Deveria ter sido antes"
A bancária Ana Paula Vaz Soares, 27 anos, de Viamão, está fazendo a transição das filhas, Lívia, cinco anos, e Alice, três, ao mesmo tempo para o quarto que, desde que elas nasceram, está montado, mas vazio. Isso porque as meninas sempre dormiram com a mãe, que enumera as razões que protelaram a mudança:

— Quando a Lívia era bebê, eu acordava muito cedo pra trabalhar, levantar de madrugada para amamentar era sacrificante, então, facilitava ter ela na minha cama. Depois, chegou a Alice, e eu não queria que a Lívia se sentisse preterida pela irmã. 

Tadeu Vilani / Agencia RBS
Hora do conto agora é no quarto das irmãs

Tentativas
Há dois anos, Ana Paula tenta a mudança definitiva, mas sempre voltava atrás, até que as crianças cresceram e a cama ficou apertada demais para toda a turma.

— A gente não conseguia mais dormir direito, e elas reclamavam. Acordavam uma por cima da outra, davam cabeçadas e acordavam cansadas. Tinha noites que meu marido ia dormir no sofá — relata a mãe que, nesse período, se separou, e hoje admite que demorou para tomar uma atitude definitiva:

— Acho importante compartilharem a cama comigo, mas passou do tempo, foi demais. Começou a prejudicar tanto a ela quanto a mim. O casamento se desgasta, o casal acaba se afastando, e elas não têm individualidade. Demorou, deveria ter sido antes.

E para alcançar o objetivo, todo esforço é válido: 

— Tive que dar uma adaptada no quarto: roupa de cama nova, cheirinho, bonecas, tudo pra deixar mais atrativo e aconchegante. Hoje eu vou com elas pro quarto, me sento entre as duas camas e leio uma historinha. Elas ficam de mãos dadas até que se acalmam e dormem. 

Tadeu Vilani / Agencia RBS
Só alegria no quartinho das irmãs

Segurança e independência
A psicóloga Lisiane reconhece que fatores econômicos, sociais e culturais têm influência sobre a questão e, por isso, não se pode definir uma idade precisa para essa separação. Mas adverte que, quanto mais cedo os pais puderem introduzir essa criança num espaço só dela, menos traumático será para ela. 

— É importante reforçar que é algo bom, que vão ter um lugarzinho só delas, e salientar como são corajosas por superar seus medos. Explicar que os pais estão ali na casa para protegê-las, mas que essa proteção não exige que estejam corpo a corpo com a criança. Ela pode se sentir segura com os pais no outro quarto — orienta a especialista.  

Lisiane lembra, ainda, que é comum crianças fazerem chantagem emocional para testar os limites pais, que devem se manter firmes:

— Elas são muito perspicazes e, geralmente, acertam no calcanhar de Aquiles deles, que é a culpa. Eles precisam perceber isso e se livrar dessa culpa, porque é um processo natural. Dá trabalho, os pais vão ficar algumas noites sem dormir. Às vezes, leva uma semana, às vezes, dias, mas sempre passa e ela se adapta. 



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