Saúde
Médicos de hospital e UPAs de Canoas prometem protesto
Mobilização está programada para os dias 26, 27 e 28 de dezembro e atingirá três instituições de saúde
Médicos ligados ao Grupo de Apoio à Medicina Preventiva e à Saúde Pública (Gamp) pretendem restringir os atendimentos no Hospital de Pronto Socorro de Canoas (HPSC) e nas Upas Caçapava e Rio Branco, entre 26 e 28 de dezembro. A medida pretende chamar a atenção da população e dos órgãos públicos para o que profissionais identificam como más condições de trabalho nestes locais — as unidades estariam com restrições de materiais e medicamentos fundamentais para o atendimento e, ainda, há atraso de pelo menos cinco meses nos salários dos médicos não-celetistas.
No período da mobilização, apenas 30% dos médicos ficarão disponíveis para situações consideradas graves. Segundo a diretora do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), Gisele Lobato, a população já está sendo recomendada a buscar atendimento nas UBSs, nestas datas, para casos de baixa complexidade. O alerta também vale para os outros 147 municípios que encaminham seus enfermos para as unidades de saúde de Canoas.
— Uma nova assembleia será realizada, ao final dos dois dias, para decidir a continuidade ou não da restrição. Nesse caso, por tempo indeterminado — explica Gisele.
A diretora explica que há mais de um ano o Simers vem denunciando o sucateamento, desabastecimento e precariedade das unidades. De acordo com os relatos dos médicos repassados ao Sindicato, pacientes são obrigados a adquirir por conta própria os medicamentos prescritos durante os procedimentos e os equipamentos de anestesia estariam obsoletos. Outro problema apontado é o atraso no pagamento dos médicos.
— Desde que assumiu a gestão da saúde em Canoas, em dezembro de 2016, o Gamp jamais depositou um centavo sequer no FGTS dos médicos — aponta Gisele.
A 3ª Vara do Trabalho de Canoas determinou que o Gamp seja notificado por um oficial de justiça de plantão, em regime de urgência, para que preste esclarecimentos sobre a situação dos atendimentos em até 48 horas. No mesmo prazo, a organização deverá comprovar o pagamento dos salários de novembro, sob pena de multa de 10% do valor devido a cada empregado.
Gamp e prefeitura respondem
Por meio de nota oficial, o Gamp esclarece que "as unidades sob sua gestão em Canoas não enfrentam falta de insumos que gerem impossibilidade na prestação de serviços à população. A Organização segue em diálogo permanente com os governos municipal e estadual, a fim de sanar as dificuldades relacionadas ao pagamento dos salários de médicos não-celetistas, ainda não realizado em função da falta de repasses. Destaca, ainda, que a população não ficará desassistida durante a paralisação".
A prefeitura, por meio da assessoria de imprensa, disse que não se manifestará sobre o assunto.