Peso na conta
Pacotes de serviços bancários sobem mais do que a inflação em 2017
Levantamento do Idec comparou tarifas e pacotes de novembro de 2016 a outubro de 2017
Uma conta que costuma passar desapercebida pela maioria dos correntistas ficou ainda mais cara ao longo dos últimos 12 meses. Um levantamento do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) mostrou que as tarifas bancárias e os pacotes de serviços ficaram mais salgados, inclusive em intensidade acima da inflação. O levantamento do Idec junto aos cinco maiores bancos do país (Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Itaú e Santander) comparou os preços dos serviços financeiros de novembro de 2016 a outubro de 2017.
Entre os 58 pacotes de tarifas oferecidos pelos cinco bancos, 50 tiveram reajuste no preço. Os maiores foram aplicados pela Caixa Econômica Federal, que aumentou todos os 10 pacotes de serviços com variações de preços entre 10,71% e 78,88%. O reajuste médio do total de pacotes pesquisados ficou em 12,6%, equivalente a 4,6 vezes a inflação do período.
Segundo a economista do Idec e responsável pela pesquisa, Ione Amorim, os elevados reajustes de preços praticados pelos bancos podem expor os consumidores a práticas abusivas.
— Os pacotes oferecidos na abertura de contas, por exemplo, muitas vezes não levam em consideração as reais necessidades do cliente, mas, sim, o perfil de renda, resultando em contratações caras e serviços não utilizados. Por isso, é necessário pesquisar para não ser induzido ao erro— sugere Amorim.
A dica do Idec é que os clientes evitem contratar pacotes caros sem necessidade. Não é raro que, ao abrir sua conta, o usuário seja encaixado em pacotes mais sofisticados do que precisa. Com isso, cria um gasto desnecessário. Isso por que as cestas de serviços têm diferentes custos em cada banco e incluem determinada quantidade de saques, transferências, extratos ou até impressão de folhas de cheques. O problema é que muitas vezes oferecem o que o cliente não precisa, mas acaba pagando.
Além dos reajustes nos pacotes tradicionais, alguns bancos que ofereciam serviços digitais suspenderam a oferta dos pacotes para novas contratações sem justificativas, aponta o Idec. De acordo com a norma do Banco Central, os pacotes criados não podem ser interrompidos com periodicidade inferior a 180 dias.
Conforme a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), "os bancos seguem estritamente as regulamentações do Banco Central no que se refere às cobranças que podem ou não ser feitas. Dentro das normas estabelecidas, cada instituição financeira determina os preços de seus produtos de acordo com sua estratégia comercial". A entidade destaca, ainda, que na ferramenta STAR (http://www.febraban-star.org.br/), é possível, além de consultar e comparar tarifas, também conhecer os Pacotes Padronizados de Serviços para pessoas físicas instituídos pelo Banco Central.
SAIBA COMO ECONOMIZAR
-> Antes de escolher em qual banco abrir a conta, é importante pesquisar e comparar os pacotes entre instituições financeiras, pois a diferença pode ser grande. Não aceite de cara a oferta do pacote feita pelo banco.
-> Antes de fazer a opção por um pacote, o ideal é que o futuro correntista faça uma análise de quais serviços de fato serão utilizados, para então escolher um pacote que tenha melhor custo-benefício.
-> Uma ferramenta para os clientes compararem custos são os pacotes-padrão, que o Banco Central obriga as instituições a oferecerem. Em tese, são as cestas mais baratas disponíveis. São quatro pacotes-padrão, sendo que o mais simples deve oferecer, por mês, oito saques, quatro extratos, dois extratos de períodos anteriores e quatro transferências para contas do mesmo banco.
-> Confira regularmente a movimentação da sua conta bancária e acompanhe a cobrança de tarifas. Acione o banco para entender mudanças bruscas.
-> Otimize o uso dos serviços como consultas de saldo através do internet banking e economize tarifas de extratos.
-> Maximize o uso do seu cartão de débito e economize com tarifas de saque, que costumam ser salgadas.
QUAIS OS DIREITOS DO CONSUMIDOR
-> A escolha do pacote de serviço bancário é um direito do consumidor e não é vinculado ao nível de renda.
-> A mudança de pacote não pode ser formalizada somente pelo envio de correspondência simples, comunicando a mudança; é preciso garantir a o direito de escolha previamente.
-> A adesão da conta corrente somente com os serviços essenciais gratuitos é direito de todos os consumidores, que o banco deve disponibilizar.
-> O uso dos serviços essenciais garante ao consumidor o acesso gratuito à operações básicas e sem custos, onde cobranças avulsa ocorrem apenas na utilização de serviços adicionais.
-> Se o seu banco praticou aumento abusivo de tarifa, avalie a troca de pacote ou até a mudança de banco.
-> É dever dos bancos disponibilizar o extrato gratuitamente, incluindo a incidência das tarifas, até o dia 28 de fevereiro após encerramento do ano.