Mistério no Litoral Norte
Após ouvir mais de 50 pessoas, delegado que investiga morte de pai de santo diz que chegou "em beco sem saída"
Carro e celular de Gelson Daniel Soares ainda não foram encontrados pela investigação
Mesmo após ouvir mais de 50 pessoas, a Polícia Civil ainda não conseguiu descobrir o que teria motivado a morte do pai de santo Gelson Daniel Soares, 53 anos. O corpo dele foi encontrado na última sexta-feira (5) nas dunas de Balneário Tiarajú, em Tramandaí, no Litoral Norte.
Segundo o delegado Paulo Perez, responsável pela investigação, ainda não foram encontrados o carro (um Corsa verde) e o celular da vítima, que poderiam fornecer pistas do crime. Além disso, o local onde o corpo foi encontrado é considerado deserto, sem vista para a rua. Também não há câmeras de segurança próximas.
— Resultou em um beco sem saída. Tudo que chegou até nós, por meio de testemunhas, analisamos — observa o delegado.
Agora, a investigação irá tentar rastrear o aparelho de telefone para localizá-lo. Também serão analisadas as últimas ligações.
— Vamos ver se o telefone foi usado, onde foi e para que foi.
A maioria das 50 pessoas contatadas pela polícia foram ouvidas informalmente. Segundo o delegado, entre sete e oito prestaram depoimento formal. Entre elas estão familiares, vizinhos ou alguma outra pessoa que poderia ter testemunhado a movimentação da vítima.
Gelson era pai de santo há 30 anos
A vítima atuava como pai de santo há mais de 30 anos. Era conhecida pelo bom humor
e simpatia.
— Era uma pessoa que estava sempre de bem com a vida, querida por muita gente,
disposta a ajudar, preocupava-se com as pessoas — conta a sobrinha Laíse Azambuja.
Gelson morava em São Leopoldo, no Vale do Sinos, de onde era natural. Na residência, localizada no bairro Rio dos Sinos, fazia o trabalho religioso junto com o companheiro,
que entrou na umbanda há cerca de 20 anos. Os dois estavam juntos há três décadas.
O leopoldense deixou dois filhos, já adultos, de mulheres diferentes. Para a família, o crime segue sem explicações.
— A gente está achando estranho, porque ele não tinha inimizades — conta a sobrinha.
No dia 1º de dezembro, ele iria encontrar a filha Vanessa Osiel Sores, 29 anos, na beira da praia, quando desapareceu. Ela tentou contato com o pai, sem sucesso.
— O celular estava desligado. Ele disse que iria dar uma volta de duas horas e depois iríamos nos encontrar na praia.
Após o sumiço, Vanessa foi até a operadora do telefone e descobriu que o celular estava sem internet e não recebia ligações desde as 3h43min. Ela também foi ao banco e descobriu que a última movimentação financeira ocorreu a caminho da praia no dia 29 de dezembro, de R$ 180, quando comprou camisetas em uma loja na estrada.
— Era uma pessoa muita simpática, todo mundo gostava. Não tinha inimigos. Era muito brincalhão, desbocado, sempre sorridente, com temperamento forte, sim. Sempre ajudava o próximo, sempre à disposição para escutar, um ótimo amigo, gostava muito de cozinhar, era muito caprichoso.