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Protesto no Centro

Em frente à prefeitura de Porto Alegre, 27 famílias instalam barracas e pedem moradia

Com 31 crianças, grupo estava abrigado em escola na Zona Norte, mas diz que no local sofrem com alagamentos e ameaças de criminosos

30/01/2018 - 12h12min


Felipe Daroit
Felipe Daroit
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Ronaldo Bernardi / Agência RBS

Barracas com lona preta e cartazes e frases pedindo moradia chamam a atenção de quem passa por um dos pontos mais movimentados da área central de Porto Alegre. Na rua Uruguai, em frente à prefeitura municipal, 27 famílias estão morando há uma semana.

Elas viviam na região das Ilhas em uma área invadida, nas margens da BR-290. Tiveram que deixar as casas após uma ação de desapropriação que ocorreu em meados de dezembro. Depois disso, foram realocados pela prefeitura em uma escola localizada na Avenida Polar, na Zona Norte. Semana passada, deixaram o local — entre os motivos, alegando alagamentos, ameaças de criminosos e falta de possibilidades de trabalho. A ida ao Centro foi uma medida pra tentar pressionar a prefeitura.

— Nós queremos um lugar digno para morar. Estávamos há 43 anos na Ilha do Pavão e nos correram de lá. A gente quer casa — disse Ivanes da Silva, uma das mulheres que está morando no local.

Na calçada, embaixo das barracas, a reportagem encontrou diversas crianças brincando — há 31 menores no grupo, segundo a prefeitura. Algumas mulheres estão grávidas. No meio da manhã desta segunda (29), os moradores fizeram um pequeno protesto em frente ao Paço Municipal para pedir uma solução.

De acordo com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e Esporte, no último dia 24 a prefeitura ofereceu alternativas de acolhimento às famílias no Albergue Felipe Diehl, além de melhorias na infraestrutura da escola Ernesto Tochetto, de onde as pessoas saíram para se instalar no Centro. Em nota, a pasta diz que "não existe a possibilidade de reassentamento das famílias em outro local", que está em "permanente contato" com o grupo em busca de uma solução e que notificou o Conselho Tutelar para atuar em relação às crianças que estão em situação de rua em frente à prefeitura.

Ronaldo Bernardi / Agencia RBS

Veja a nota da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social

"A prefeitura vem se reunindo com as famílias, que estão na rua com a presença de 31 crianças em situação de risco, para garantir abrigo e alimentação. As famílias procuraram a prefeitura em agosto de 2017 alegando estarem sendo ameaçadas por criminosos. À época, a prefeitura as alocou em um prédio da escola Ernesto Tochetto, na Zona Norte da Capital.

Agora, as famílias alegaram estarem sendo novamente vítimas e não querem retornar para escola. A Fasc ofereceu alternativas de acolhimento para as famílias e crianças, além de pernoite em albergue, entretanto, negaram a aceitar as ofertas.               

Em mais um encontro com as famílias na manhã do dia 24/01, com representantes do Demhab e da Fasc, foram ofertadas novamente melhorias de infraestrutura na escola Ernesto Tochetto, presença da Guarda Municipal (na escola já mora um PM residente) e vagas em abrigos da prefeitura.  A Fasc também ofereceu vagas para todos seguirem juntos para o Albergue Felipe Diehl, que foi rejeitada pelas famílias. 

A prefeitura se ofereceu para melhorar a infraestrutura da escola, com a qualificação da parte elétrica e hidráulica. O déficit habitacional em Porto Alegre atinge cerca de 50 mil famílias. Devido a este quadro, não existe a possibilidade de reassentamento das famílias em outro local que não seja a escola Ernesto Tochetto, para onde o grupo não quer retornar.

O município está em permanente contato com os moradores em busca de uma solução. E notificou ainda o Conselho Tutelar para que tome providência em relação às crianças que estão com suas famílias em situação de rua."


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