Olho no futuro
Previdência privada a partir de R$ 30 é opção para dar um reforço na aposentadoria
A partir de R$ 30 por mês, é possível criar uma reserva complementar para a aposentadoria e não depender exclusivamente do INSS
Planos de previdência complementar não precisam ser, necessariamente, um produto de luxo. Opções acessíveis à população menos abastada ou jovens em início de carreira, com magras bolsas de estágio, possibilitam a formação de uma importante reserva para a aposentadoria. Simulação feita pela Brasilprev, braço de previdência do Banco do Brasil, mostra que quem consegue guardar R$ 200 por mês ao longo de 30 anos terá uma poupança de aposentadoria futura de R$ 126 mil, que poderá ser sacada de uma só vez ou fatiada em vários meses. Se for dividida por 20 anos, o rendimento mensal será de R$ 525,90.
Os maiores bancos do país oferecem aplicações por valores mínimos baixos, abrindo portas mesmo para quem não costuma ter muito dinheiro sobrando. No Santander, por exemplo, as aplicações mensais partem de R$ 30 e, caso o beneficiário aumente sua renda, poderá avaliar esticar a contribuição. Conforme Gilberto Abreu, diretor de Investimentos do Santander, o valor baixo possibilita que pessoas que contribuem pelo piso na previdência pública obtenham uma segunda fonte de renda na aposentadoria, por exemplo.
– Uma regra importante é que, quanto mais cedo a pessoa começar a poupar, mais cedo vai formar sua reserva de aposentadoria – afirma Abreu.
Uma das vantagens de guardar dinheiro em planos de previdência é criar a disciplina de poupar. Como os planos permitem pagamento no boleto ou em débito em conta, a contribuição se torna um compromisso como a conta de luz ou água, por exemplo. Não há, entretanto, obrigatoriedade de economizar nos meses de maior aperto, pois não incide multa ou juro. O reajuste do valor de contribuição de um ano para o outro dependerá do próprio poupador.
— A pessoa pode acompanhar a evolução da sua reserva em relação às suas necessidades e eventuais alterações no padrão de vida, decorrentes, por exemplo, de crescimento profissional e formação de família. Nesses casos, deve avaliar se suas contribuições ainda são suficientes para realizar seus projetos — explica Marcelo Wagner, diretor financeiro da Brasilprev, que lançou neste mês o Brasilprev Fácil, focado em pessoas com renda mensal a partir de R$ 2 mil.
O educador financeiro Adriano Severo alerta que a escolha de um plano de previdência deve ser feita com análise atenta dos custos envolvidos e também do perfil de aplicação mais adequado para cada tipo de investidor. É possível, por exemplo, escolher aplicações cujo Imposto de Renda vai caindo ao longo do tempo, alternativa ideal para o poupador de longo prazo.
— Também é preciso ficar atento às taxas de administração e carregamento e comparar rentabilidade de diferentes bancos, para avaliar qual a mais vantajosa — afirma Severo.
8 regras do bom poupador
- Não saque antes do tempo: resista quando aparecer aquele aperto financeiro, lembre-se que a previdência complementar é sua garantia para um futuro mais confortável. Colocar a mão no dinheiro antes da hora pode gerar multas de saída e pagamento de mais imposto de renda (IR).
- Faça um aporte inicial: começar a previdência com uma pequena "bolada" tem um efeito multiplicador importante, com mais rendimento. Uma aplicação inicial de R$ 1 mil já é uma boa arrancada.
- Faça aportes adicionais: aproveite recursos extras na conta para reforçar sua previdência complementar, não dependendo apenas dos aportes mensais. Restituição do imposto de renda, antecipação de 13º salário, pagamento de PIS/Pasep ajudam a engordar o saldo.
- Planeje a contribuição: calcule com cuidado o valor a ser guardado todo mês. Não pode ser uma quantia tão alta que fará falta no orçamento nem tão baixa que enfraqueça seu benefício futuro.
- Comece cedo: quanto antes começar a guardar, menor será o gasto mensal. Economizar pouco, nem que seja 5% do salário, causa um efeito multiplicador na poupança, com juros rendendo sobre juros.
- Opte pelo regime regressivo: esta é a opção para quem está decidido a manter o dinheiro aplicado em prazo mais longo, e não como poupança. No regime de tributação regressiva, as alíquotas caem com o passar do tempo e chegam a 10% ao final de 10 anos.
- Escolha o VGBL: quem faz a declaração simplificada do imposto de renda tem mais vantagem contratando os planos de previdência VGBL, em que não há dedução das contribuições. O imposto de renda terá incidência apenas sobre a rentabilidade acumulada.
- Não abandone o INSS: se você é autônomo, não deixe de pagar o INSS. A previdência pública é garantia de cobertura financeira em caso de acidente do trabalho, doença ou afastamento por licença-maternidade, por exemplo.
Veja algumas simulações de previdência privada
Alguns planos acessíveis
BanrisulPrev (Banrisul)
Contribuição mínima mensal: R$ 100
Regras: acima de 36 meses de plano, não há cobrança de taxa de carregamento (um percentual cobrado sobre cada contribuição) no resgate. Há carência de 60 dias para resgate inicial.
PrevClassic 3 em 1 (Bradesco)
Contribuição mínima mensal: R$ 79
Regras: é um plano de acumulação com garantia mínima de entregar ao participante, em dez anos, R$ 10 mil, sem risco de prejuízo.
BrasilPrev Fácil (Banco do Brasil)
Contribuição mínima mensal: R$ 100
Regras: plano é isento de taxa de carregamento antecipada e permite que clientes realoquem seus recursos em diferentes fundos, a qualquer tempo e sem custos.
SantanderPrev (Santander)
Contribuição mínima mensal: R$ 30
Regras: na faixa de valor mais baixa, é cobrada uma taxa de administração de 2,5% sobre a aplicação, percentual que vai baixando conforme aumente o volume de operações, até chegar a 0,5%.
Previdência Itaú (Itaú)
Contribuição mínima mensal: R$ 50
Regras: a aplicação inicial é de apenas R$ 1 e é possível fazer aplicações adicionais ou recalcular o valor de contribuição, conforme a preferência do cliente.
A Caixa não enviou informações sobre seus planos de previdência populares. Os bancos acima são os maiores do país em administração de ativos, além do Banrisul, principal instituição financeira do Estado.