Ver a advogada Valéria dos Santos ser algemada e arrastada da sala de uma juíza, como eu vi nesta semana, foi chocante. Uma mulher negra que batalhou tipo bicho para ter um diploma e que, mesmo assim, não está imune ao racismo estrutural. Racismo que toda hora esfrega em nossa cara que são necessários mais que 130 anos de abolição para termos verdadeira liberdade. 

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Alguns babacas chamam essa luta de mimimi, outros de vitimismo, mas a verdade é que preto exigindo direitos ainda soa como desrespeito. Sei que haverá aqueles que vão tentar me convencer que somos todos iguais, mas, de boa: seremos iguais quando 50% dos médicos, juízes e empresários tiverem a pele escura. Quando a Restinga tiver a mesma qualidade de serviço público que o Moinhos de Vento, quando as salas de aula da UFRGS tiverem metade de seus alunos negros. Por mais que a colonização do nosso Estado seja alemã e italiana, os 20% de negros compõem quase 50% da pobreza.

Sem forças

Amo cada pedaço desse chão que chamo de minha terra. E é por isso que não quero que pessoas racistas deem as cartas. Mas, hoje, peço aos amigos brancos que não têm nada contra negros que se unam e que, cada vez que vejam um ato de preconceito, se levantem e tomem a dor. É que, de tanto apanhar, alguns irmãos negros não têm forças para reagir. Se virem brancos e negros unidos, os racistas recuam.