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Cris Silva: "Todo mundo já pensou, pelo menos uma vez, em ter ou não um filho"

Colunista, que escreve todas as sextas-feiras no Diário Gaúcho, fala sobre a  responsabilidade da maternidade

26/10/2018 - 08h00min


Certamente, todo mundo, homem ou mulher, já pensou, pelo menos uma vez, em ter ou não um filho. Não estou falando em decidir, apenas considerar a possibilidade.

É aquele pensamento que um dia chega e vai embora, enxotado por uma resposta certeira, ou fica por ali, rondando, em forma de ponto de interrogação. No meu caso, foi assim. 

Eu sempre pensei primeiro no trabalho, na minha independência financeira, em viabilizar tudo para estar preparada “quando chegar a hora”. Só que, na minha opinião, essa hora nunca chega. A gente é que chega nela. Este é o assunto da coluna desta semana.

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A minha resposta: sim

Praticamente todas as minhas amigas estavam grávidas ou parindo e eu ainda inventando novos projetos no trabalho. Nunca me senti pronta. Só que a idade foi avançando e o ponto de interrogação que estava ali, quietinho, começou a saltitar e dançar uma valsa na minha cabeça. E aí, terei filho ou não?  

Esta é uma das poucas coisas na vida que não dá para decidir sozinha. Eu preciso do meu companheiro, saber o que ele acha. Eu e o Paulo estávamos juntos havia sete anos quando tivemos essa conversa. Eu com 37 anos e ele com 48. Pensei muito antes de me decidir e passar para o papo com o maridão. 

Muitas perguntas

Pensei se ele seria o pai ideal e essa foi fácil de responder. O Paulo é um paizão. Pensei se eu teria tempo para encaixar um baby na minha vida com toda correria, e a resposta foi sim. Pensei se eu seria uma boa mãe, se o mundo seria melhor com ele, pensei em mim numa versão grávida, enjoada, tendo desejo, retenção de líquido... e parei de pensar (risos). Já estava mais do que decidido: eu queria muito ter um bebê. 

No meu aniversário, dia 4 de maio de 2017, ao apagar a velinha do bolo, fechei os olhos e fiz o pedido, em silêncio: “Deus, se for da tua vontade, me conceda, por favor, a experiência de ser mãe. Estou pronta e meu coração aberto e preparado para receber esse presente.” Em junho, um mês depois, eu já estava com o meu filho na barriga. E, por isso, o nome Matheus, que significa presente de Deus. 

Paloma Fantini / Divulgação
Pedido de aniversário da Cris foi engravidar. Pouco tempo depois, deu certo!

Ter um bebê significa transformação de vida

No meu caso, o Teteu veio para me ensinar muita coisa. Todo dia eu aprendo com ele. Um filho promove a nossa mudança sem que a gente perceba. Acredito que estou muito melhor do que antes. Pelo menos, eu me sinto assim. Mais completa, mas com menos memória (risos).

Outra coisa que mudou foi minha opinião em relação às pessoas que não querem ter filhos. Antigamente, quando uma amiga dizia que não gostaria de ter um bebê, eu tentava argumentar: mas por quê? Filho é uma benção. E é mesmo! 

Agora, se uma pessoa está decidida a não ter filhos, eu apoio e digo mais: não tenha! Um filho não tem devolução. É a única coisinha nesse mundo que não dá pra devolver, não dá pra desistir nem voltar atrás. O resto todo a gente adia, transfere, dá uma pausa... um filho, jamais. 

Não

Cristina Ferreira, 40 anos, professora de inglês, dá sua opinião: 

“A minha opção de não querer ter filhos não tem a ver com trauma nem com não gostar de criança, até porque sou professora e tenho contato com elas o dia inteiro. Eu adoro crianças, acho até que seria uma boa mãe, mas tenho algumas inseguranças e manias.

Eu gosto do silêncio da minha casa, gosto e preciso dormir e tenho um lado egoísta que me impede de ter essa experiência tão séria. Essa é a minha escolha e eu sou resolvida com isso. Dedico o meu amor, minha paciência e meu companheirismo de mãe para as crianças da minha vida: meus primos, meus sobrinhos e meus alunos.”

Talvez

Se você é da turma do “não sei”, é importante avaliar algumas situações. A psicóloga e terapeuta de família Juliana Potter tem algumas dicas.

– Essa é uma decisão complexa que envolve uma série de fatores. É importante avaliar as condições práticas com muita clareza. Por exemplo: quem vai ajudar a cuidar da criança, qual será o impacto financeiro, as mudanças na rotina, no trabalho etc. No âmbito afetivo, é preciso existir um desejo genuíno de ser pai ou mãe e os envolvidos precisam estar dispostos a investir na criança de todas as maneiras – diz a profissional, que completa:

– Hoje em dia, as pessoas encontram muitas formas de realização. Ter filhos é uma questão séria, que envolve muitas mudanças a longo prazo.

Fica a dica

///  A tecnologia pode dar uma mãozinha para quem deseja ter um baby. Quando eu decidi engravidar, fui atrás de um aplicativo para celular que me indicasse o meu provável período fértil. Usei o Maia e achei incrível. Ele é um rastreador de período (calendário de ciclo menstrual) fácil e divertido de usar. Com ele, é possível controlar o período menstrual, sintomas relacionados e até oscilações de humor. O Maia está disponível no Google Play e na Apple Store.

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