Coluna da Maga
Magali Moraes e a corridinha na faixa de pedestre
Colunista escreve às segundas, quartas e sextas-feiras no Diário Gaúcho
Sabe aquela corridinha que a gente dá ao atravessar na faixa, quando um carro nos deixa passar? O motorista desacelera e, automaticamente, nossas pernas aceleram. Tem pedestres que dão até um pique pra passar pro lado de lá o mais rápido possível. Como se ficassem constrangidos de interromper o fluxo dos carros. Essa corridinha seria uma forma de se desculpar e agradecer a gentileza? São raras as pessoas que atravessam com tranquilidade, como se fosse um direito adquirido. Mas é!
Então por que a corridinha? Instinto de sobrevivência. Força do hábito. Deveria ser o inverso: pedestre com prioridade máxima no trânsito. Fazendo a travessia com calma. As faixas brancas pintadas no asfalto deveriam ser o ferrolho da vida adulta, onde ficamos protegidos como nas brincadeiras de criança. Ainda tem os que esticam o braço, abrem a mão e atravessam. Lembra da campanha de 2009, que criou esse sinal de trânsito? Funcionou, mas perdeu a força. Hoje em dia é até perigoso.
Cena se repete
Eu vivo os dois lados da situação. Sempre que estou dirigindo e paro pra alguém atravessar, a cena se repete. Passos apressados, desconfiança e agradecimento. Dá vontade de abrir o vidro do carro e dizer pra não ter pressa. Quando o jogo inverte e sou pedestre, também dou a tal corridinha. Parece que o motorista fez um favor me deixando passar. E os idosos, que não confiam mais nas pernas? E se o carro que vem atrás não parar e provocar um acidente? E quem buzina, reclamando?
Dar preferência ao pedestre na faixa é obrigação. Engraçado como tudo se resolve subindo a Serra. Muitos motoristas porto-alegrenses que aqui nem ligam pra pedestre se transformam em lordes educados quando estão em Gramado. É o ar da Serra que provoca o fenômeno? Que nada. É o bom exemplo local, o ambiente, o respeito aos turistas, às ruas limpas, aos canteiros de flores. O que nos falta pra ser assim? Consciência. Boa educação. Bom senso.